ISBN: 978-85-63552-17-4
Título | O Cinema Documentário de Joaquim Pedro de Andrade: obra e pensamento |
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Autor | Eduardo Tulio Baggio |
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Resumo Expandido | Joaquim Pedro de Andrade (1932-1988), um dos cineastas mais destacados do Cinema Novo brasileiro, dirigiu quatorze filmes em sua carreira. Destes, sete são documentários, sendo cinco curtas-metragens e dois médias-metragens. Tendo em conta a obra documental de Joaquim Pedro, está comunicação propõe investigar o pensamento deste cineasta sobre o cinema documentário e o realismo cinematográfico. Para isso, além dos filmes, serão consideradas manifestações diretas do autor presentes em textos escritos por ele, em entrevistas que concedeu e em cartas enviadas para colegas. Desta forma, esta pesquisa caracteriza-se pela utilização da metodologia das Teorias dos Cineastas (AUMONT 2004).
A ampla e diversa formação cinematográfica de Joaquim Pedro foi um fator determinante para o desenvolvimento de suas ideias sobre o cinema. Iniciada na primeira metade dos anos 1950, quando cursava Física na Faculdade Nacional de Filosofia, mas já se dedicava ao cinema participando das exibições e debates em cineclubes que contavam com a presença de outros importantes cineastas brasileiros como Paulo César Saraceni, Marcos Farias, Saulo Pereira de Melo e Leon Hirszman. Em seguida com o período de um ano na França, que incluiu estudos no IDHEC (Instituto de Altos Estudos Cinematográficos), em Paris. Depois Joaquim Pedro participou de um programa de estudos com o documentarista Thorold Dickinson, na Slade School, em Londres. E, por fim, fez um estágio de cinema direto com os irmãos Albert e David Maysles, em Nova Iorque, no primeiro semestre de 1962 (ARAÚJO, 2013). Grande parte da formação de Joaquim Pedro teve relação direta com o cinema documentário, notadamente o estágio com os irmãos Maysles, que foi considerado pelo próprio cineasta como “uma oportunidade única” (ANDRADE, 1976). Também o realismo cinematográfico foi uma forte referência, como no período cineclubista em que cinema neo-realista era o grande destaque das sessões. Segundo Joaquim Pedro, o Neo-realismo abriu um novo caminho para sua geração, “o caminho de fotografar, filmar o Brasil como ele era, sem procurar deformar, embelezar, modificar, por seleção, os problemas do país.” (ANDRADE, 1976). Mesmo nos filmes ficcionais do diretor a premissa realista foi levada em alta conta: “O cinema que faço é minha visão comentada e inventada a partir do real do mundo que a gente vive.” (ANDRADE, 1988) No caso de Joaquim Pedro de Andrade e de muitos cineastas do Cinema Novo, a temática bastante voltada para as questões nacionais é a marca de um pensamento essencial voltado para a realidade brasileira. Em documentários como O Mestre de Apipucos (1959), O Poeta do Castelo (1959), Cinema Novo (1967) e O Aleijadinho (1978), Joaquim Pedro buscou trabalhar com grandes nomes das artes e da cultura brasileiras e representá-los para o público. Já Brasília, Contradições de Uma Cidade Nova (1967) e A Linguagem da Persuasão (1970) são documentários que apresentam fortes críticas sociais. E Garrincha, Alegria do Povo (1963), o documentário mais difundido de Joaquim Pedro, aborda o surgimento de um mito do futebol brasileiro, as condições de desse surgimento e como esse mito foi explorado. São todos filmes documentários com foco bastante voltado para o Brasil, corroborando a famosa frase de Joaquim Pedro: “Só sei fazer cinema no Brasil, só sei falar de Brasil, só me interessa o Brasil.” (ANDRADE, 1988) Tendo como pontos de partida o cinema documentário de Joaquim Pedro de Andrade, o seu interesse pelo realismo e o foco nacional de sua obra cinematográfica, a comunicação aqui proposta visa aprofundar a compreensão desses pontos na obra do cineasta, bem como investigar aspectos específicos de seus interesses quanto ao realismo e ao cinema documentário. Como Joaquim Pedro concebia a abordagem em seus filmes documentários? Por que a realidade brasileira era tão determinante para a obra do diretor? Como desenvolvia seus conceitos estéticos para os seus filmes documentários? |
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Bibliografia | AUMONT, Jacques. As teorias dos cineastas. Campinas, SP : Papirus, 2004.
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