ISBN: 978-85-63552-17-4
Título | A ascensão dos “rebeldes conservadores” em três filmes de S. Kubrick |
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Autor | Marcos César de Paula Soares |
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Resumo Expandido | Qual o papel da “nova cultura” do final dos anos 60 no fortalecimento da revolta conservadora que se seguiu a partir dos anos 80? Que tipos de autoritarismo se naturalizaram sob o disfarce do debate cultural? Como a cultura rebelde dos anos 60 foi mercantilizada e transformada em seu oposto? Essas são algumas das questões que o cineasta Stanley Kubrick procura responder em filmes como 2001 – Uma Odisséia no Espaço (lançado logo após os eventos cataclísmicos de maio de 1968), Laranja Mecânica (1971) e O Iluminado (1983). Pode-se argumentar que esses filmes fazem o mapeamento do desaparecimento de tipos clássicos de fascismo, que exigem a intervenção violenta do aparato repressivo do Estado, e sua substituição por um novo tipo de cultura corporativa hegemônica que, sob o disfarce da democracia liberal, exige a obediência silenciosa de todos. Tal trajetória se desenha de modo paradigmático nas aventuras de Alex, o protagonista de Laranja Mecânica, que se transforma de jovem rebelde e iconoclasta em figura central do governo conservador em ascensão (e que em grande medida anunciava as reviravoltas ideológicas que marcariam o surgimento da era Reagan/Thatcher) após passar por um treinamento “cultural”, que incluia doses diárias de sessões de cinema. Ou a trajetória do escritor de O Iluminado, que de intelectual em princípio antenado com as exigências da literatura modernista mais exigente (aquela que desejava inventar princípios formais que enquadrassem a repetição insuportável que caracteriza as formas de sociabilidade e as rotinas de trabalho que se consolidaram com a padronização da vida contemporânea) se transforma na tradução viva da misoginia e da fúria assassina que caracteriza o clima da competição naturalizada a partir dos anos 80. Assim, pode-se tomar como hipótese interpretativa desses filmes o fato de que eles fazem uma radiografia de mudanças importantes nas configurações sociais contemporâneas, mostrando como a mão “benevolente” da cultura pode auxiliar na manutenção e no reforço de estruturas do poder. Esta apresentação pretende enfocar alguns dos aspectos principais dos “rebeldes conservadores” que protagonizam os filmes mencionados acima e, que no campo da vida social, viriam a dominar aquilo que muitos críticos chamaram de “virada cultural” pós-moderna. |
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Bibliografia | COCKS, Geoffrey (ed.). Stanley Kubrick, Film, and The Use of History. Madison: The University of Wisconsin Press, 2006.
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