ISBN: 978-85-63552-17-4
Título | A trilha orquestral de André Abujamra e suas relações com o filme |
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Autor | GEÓRGIA CYNARA COELHO DE SOUZA |
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Resumo Expandido | A fluidez, a imaterialidade e as consequentes flexibilidade e adaptabilidade da música possibilitam a diversidade de significados em suas relações audiovisuais, o que faz dela um valioso recurso expressivo no cinema. É preciso, no entanto, se atentar para o fato de que a música composta para cinema não é uma obra de arte independente, mas está submetida a uma série de decisões de ordem estética, narrativa e de produção, em conjunto com os demais elementos sonoros e visuais que envolvem a complexidade do pensar e fazer cinematográficos.
Desde os primórdios da trilha sonora para cinema, predominou a tendência a subordinar a música à imagem, reduzindo o potencial narrativo daquela ao utilizá-la de forma redundante ou ilustrativa. Para evitá-lo, consideram-se as possíveis relações entre ela tanto com os demais elementos da banda sonora quanto com a imagem, a partir das diferentes concepções estéticas de cada época e lugar ou de cada diretor e as demandas específicas de determinado roteiro. No Brasil, André Abujamra sobressai-se com sua contribuição musical ao cinema brasileiro nos últimos 20 anos, período em que, paralelamente aos mais de 30 longas-metragens para os quais compôs trilha musical original, desenvolveu projetos discográficos com Os Mulheres Negras, Karnak e em carreira solo, além da atuação e de trabalhos para publicidade e televisão. O compositor é conhecido pelo seu amplo repertório de sonoridades, acumuladas ao longo de muitas viagens pelo mundo, o que possibilita uma grande multiplicidade de caminhos a seguir, da música folclórica de um distante país do Leste Europeu aos mais densos arranjos orquestrais – sem que se exclua a possibilidade de misturá-los. Este trabalho busca perceber as relações que a música orquestral original de Abujamra estabelece nos filmes "O Caminho das Nuvens" (Vicente Amorim, 2003), "Carandiru" (Hector Babenco, 2003) e "Do Começo ao Fim" (Aluizio Abranches, 2009). A partir dos estudos do som no cinema, análise fílmica e audição de álbuns do artista, busca-se verificar ainda as aproximações entre as obras musicais fonográficas e cinematográficas de Abujamra, estas compostas para atender a especificidades narrativas diversas, em diferentes contextos e condições de realização. Para tanto, buscaram-se evidências dentro dos filmes analisados que dialogassem com a seguinte questão-problema: em que medida o trânsito de certos elementos harmônicos, melódicos, rítmicos e procedimentos composicionais entre diferentes trilhas musicais para filmes guardam relação com a vida do artista e sua obra discográfica? Para iniciar este processo, foi traçado um breve perfil de Abujamra, além do estudo das formulações teóricas relacionadas ao som e à música de cinema, presente nas obras de autores como Gorbman (1987), Chion (1993), Martin (2003), Carrasco (2003), Costa (2008), entre outros, que embasaram a análise dos filmes do corpus deste trabalho. O “ajuste empírico” às características e demandas de cada filme – proposto por Aumont e Marie (2004) para a realização da análise – torna possível a estratégia de partir da presença da música de Abujamra nos filmes estudados, articulando-a aos demais elementos sonoros e imagéticos, para que se possa propor uma interpretação que contemple os universos fílmico e extrafílmico de cada obra, buscando suas aproximações e particularidades. Aqui foram estabelecidos os parâmetros fílmicos, úteis para comparar e reunir os filmes conforme as funções desempenhadas pela música. Dentre eles estão a presença de música-tema, elemento de unidade sonora e musical de um filme; integração da trilha musical original com músicas preexistentes e outros elementos sonoros (ruídos, diálogos, efeitos); a música como ambientação/background ou como elemento sonoro de transição; a presença musical sob a forma de leitmotiv; e as características da textura musical integrada ao som dos filmes. |
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Bibliografia | AUMONT, Jacques; MARIE, Michel. A Análise do Filme. Lisboa: Edições Texto & Grafia, 2004.
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