ISBN: 978-85-63552-17-4
Título | Crítica para Cinema de Invenção: Jairo Ferreira e o Super-8 na Bahia |
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Autor | Maria do Socorro Sillva Carvalho |
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Resumo Expandido | Fortemente marcados pela repressão política, os anos 1970 terão nas experimentações em super-8 de um grupo de jovens aspirantes a cineastas as principais referências criativas do cinema desse período na Bahia. As ousadias e provocações superoitistas, tanto no campo da política quanto do comportamento, exibidas nas Jornadas Brasileiras de Curta-Metragem, realizadas em Salvador a partir de 1972, apontam novos nomes na cinematografia local. Entre eles, destaca-se o do jovem Edgard Navarro, ao realizar suas primeiras incursões no cinema com os filmes em super-8 Alice no país das mil novilhas (1976), O rei do cagaço (1977) e Exposed (1978), que ficarão conhecidos como sua “trilogia freudiana” (filmes oral, anal e fálico). Por outro lado, com participação ativa em diversas jornadas como cineasta e enviado especial da Folha de S. Paulo, Jairo Ferreira produzirá leituras criativas de alguns filmes superoitistas apresentados, sobretudo a partir de acontecimentos em torno dos debates que eram sempre promovidos pelo festival. No balanço do crítico paulista, o final da edição da sétima Jornada, em 1978, caracterizada por filmes de nível muito baixo bem como discussões pobres e “dirigidas”, foi particularmente movimentado em função de vários protestos dos jovens superoitistas, quando inclusive Edgard Navarro ficou nu em um desses debates. “Posso dizer – escreve Ferreira em sua coluna do dia 15 de setembro – que é preciso haver um desnudamento cultural, pois só assim as pessoas poderão readquirir a visão com olhos livres como propunha o poeta Oswald de Andrade”. E ao se desnudar, ainda segundo ele, Navarro “expôs o filme e completou o ciclo, expondo-se a si mesmo física e mentalmente ao público”. Com isso, Ferreira naquele momento dizia estar “cobrindo e descobrindo” o que a Jornada poderia ter de cinema, “compreendido como invenção e criação”, o que então faltaria em larga medida ao cinema brasileiro. Partindo dessa tensão entre repressão e liberdade criativa, pretendo tratar da crítica elaborada por Jairo Ferreira no calor dos acontecimentos como elemento iluminador não apenas das experiências de linguagem dos filmes super-8, mas sobretudo como modo de ampliação das bases éticas e estéticas de sua recepção. |
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Bibliografia | CRUZ, M P P. O super-8 na Bahia: história e análise. Dissertação (Mestrado em Ciências da Comunicação) – Escola de Comunicações e Artes, Universidade de São Paulo, 2005.
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