ISBN: 978-85-63552-17-4
Título | A trajetória musical e cinematográfica de Joe Carioca. |
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Autor | Suzana Reck Miranda |
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Resumo Expandido | Antes de tornar-se Joe Carioca, o paulista Zezinho (José do Patrocínio Oliveira 1902-1987) foi muitos. Na década de 1920, trabalhava como classificador de cobras no Instituto Butantã e, nas horas vagas, tocava violão, cavaquinho e banjo. Durante um tempo, interessou-se também pelo violino.
No final desta mesma década, Zezinho já tocava profissionalmente (cavaquinho e violão) com nomes como Américo Jacomino, o Canhoto, e apresentava-se com regularidade na Rádio Educadora Paulista. Entre 1929 e 1931, participou de centenas de gravações da Columbia acompanhando artistas de renome como João Pernambuco, Stefana de Macedo, Jararaca (Calazans), Paraguassú, Batista Júnior, entre outros. Nesta mesma época, ainda na Columbia, integrou a Orquestra Colbaz (dirigida pelo ‘mago dos teclados’ Odmar Amaral Gurgel, o Gaó) responsável por gravações históricas de choros e valsas. Este conjunto musical deu origem à Orquestra Jazz Columbia que, além de inúmeras gravações, apresentava-se em teatros, na Rádio Cruzeiro do Sul e fez parte do filme Coisas Nossas (Wallace Downey, 1931). Neste filme, produzido pela Byington e Cia. (empresa que também estava por trás da Gravadora Columbia e da Rádio Cruzeiro do Sul), Zezinho foi uma das principais estrelas musicais – com direito a destaque nos anúncios publicitários que circularam na imprensa da época. Seu virtuosismo no banjo foi comentado em várias ocasiões. Aliás, foi com este mesmo instrumento que o agora chamado ‘Zezinho do Banjo’ venceu, ainda em 1931, o Grande Concurso de Música promovido pelo jornal A Gazeta. Em 1933, Zezinho passa a integrar o respeitado Regional da Rádio Mayrink Veiga e em terras cariocas recebe as alcunhas de ‘o homem dos sete instrumentos’ e de ‘Zezinho, o diabólico’. Quando retorna a São Paulo, em 1938 (para tocar no Regional da Rádio Record), já o chamavam de ‘o homem dos 14 instrumentos’. De volta ao Rio no ano seguinte, entra para a Orquestra de Romeu Silva com a qual ruma para os Estados Unidos para uma temporada de seis meses de apresentações na Feira Internacional de Nova York. De lá foi parar em Hollywood e, dois anos depois, ganhou notoriedade ao emprestar sua voz para Zé Carioca - o papagaio brasileiro dos estúdios Disney. Zezinho assume ‘Joe Carioca’ como nome artístico e torna-se um músico requisitado em Los Angeles. Integrou o Bando da Lua de Carmen Miranda e vários outros conjuntos de música latina. Figurou, sem os devidos créditos, em uma centena de filmes ‘acompanhando’ protagonistas famosos de musicais, geralmente em números ‘ao vivo’ de ritmos latinos dançantes. Esta comunicação, além de mapear as relações de José do Patrocínio Oliveira com a música e o cinema, tem por objetivo refletir sobre sua participação como ‘músico diegético’ em produções hollywoodianas dos anos 1940 e 1950. Em alguns exemplos, sua execução musical, por diferentes razões, pode ser compreendida como um mero fundo, o que nos leva a repensar as noções de ‘música de tela’ e ‘música de fosso’ propostas por Michel Chion. |
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Bibliografia | CHION, Michel. A Audiovisão: som e imagem no cinema. Lisboa: Texto & Grafia, 2008.
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