ISBN: 978-85-63552-17-4
Título | Renoir, Buñuel e a Exposição Universal de 1937: cinema e política |
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Autor | Eduardo Victorio Morettin |
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Resumo Expandido | Nosso objetivo é analisar a relação entre La Grande Illusion (1937), de Jean Renoir, e Las Hurdes (1933), de Luís Buñuel, com a Exposition Internationale des Arts et Techniques dans la vie moderne (1937). A intenção é articular a dimensão estética à determinada imagem nacional mobilizada pelas obras, considerando sua inserção dentro de um circuito mais amplo de circulação, marcado pela cultura produzida pelas exposições universais, com as quais estes filmes dialogam e interagem.
A Exposition Internationale des Arts et Techniques dans la vie moderne foi realizada em Paris entre maio e novembro de 1937, em meio à guerra civil espanhola, à ascensão do nazi-fascismo, e dois anos antes da eclosão da Segunda Guerra. Foi a última exposição desse tipo em Paris e na França. O cinema ocupou lugar central neste evento, seja pela sua celebração por intermédio de um pavilhão a ele dedicado, seja pelo destaque conferido a ele pelo seu programa, que o considerava uma das formas de ‘Expressão do Pensamento’. Tratava-se de um reconhecimento efetivo por parte das autoridades do papel que o cinema ocupava dentro da cultura. Não mais um anexo ou um auxiliar da imprensa ou da fotografia, como classificado em exposições anteriores, mas meio autônomo de expressão do conhecimento. Dentre os pavilhões, o espanhol, construído com a guerra civil em curso, foi pensado como afirmação da resistência popular ao franquismo, apoiado este, como se sabe, por Hitler. Inaugurado dois meses e meio depois do bombardeio de Guernica, em 12 de julho de 1937, suas paredes receberam de Picasso a obra-monumento que eternizou o evento, sintetizando no campo visual a dimensão de ‘confronto’ percebida entre os diferentes pavilhões da Exposição. Esta resistência se manifestava em seu pavilhão também pelo cinema, com a projeção de filmes coordenada por Luís Buñuel, que trabalhava na embaixada da Espanha em Paris. Além dessa participação, o governo espanhol indicou Las Hurdes (1933) para representar o país no campo da cinematografia. Escolha emblemática, complementar à obra-prima de Picasso, que demarca a visão do cinema e da arte no campo simbólico em que se dava a contenda. Seguindo a perspectiva crítica do documentário de Buñuel, um filme de Jean Renoir foi projetado nas salas de cinema comerciais de Paris, tendo sido bastante discutido no decorrer da Exposição de 1937: La Grande Illusion (1937). Esta obra, considera a maior de Renoir por muito tempo, foi um gesto de coragem, libelo pacifista em meio à contenda simbólica, tal como era pensada a arquitetura e a disposição dos diferentes pavilhões. Juntamente com o filme de Buñuel, teremos um conjunto de obras que participam desta disputa simbólica a partir de uma construção discursiva que será articulada à ‘história’ contada pelos pavilhões e demais espaços expositivos. |
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Bibliografia | Cerf, G. Photo et cinéma à l'exposition de 1937. [Paris]: [s.n.], [1937].
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