ISBN: 978-85-63552-17-4
Título | Circulação e exibição em Piracicaba e Campinas nos anos 1920 e 1930 |
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Autor | Natasha Hernandez Almeida Zapata |
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Resumo Expandido | A relação de Piracicaba com o cinema se iniciou de forma semelhante a de cidades do interior de São Paulo como Campinas, por exemplo. A chegada de companhias ambulantes que exibiam o cinematógrafo, por volta da segunda metade da década de 1890, ocorreu em ambas as cidades, assim como o surgimento de salas fixas, destinadas à exibição cinematográfica, ao longo dos anos 1910.
Já no começo da década de 1920, temos notícias de que Piracicaba contava com três salas de exibição, Cine Teatro Santo Estevão, Politeama e Íris (Correio Paulistano, 20/01/1920), com o posterior acréscimo do Teatro São José, fundado em 1927. Campinas, por sua vez, detinha cinco cinemas, Cine Teatro São Carlos, Coliseu, Cassino, Rink e República. Ainda nos anos 1920, notamos certa proliferação de empresas administradoras de diversas salas de cinema em várias cidades do interior do estado. A Empresa Teatral Paulista, em 1925, compra a Companhia Cinematográfica Campineira, responsável por explorar os cine teatros São Carlos, Cassino, Rink e Coliseu, e já administrava salas de cinema nas cidades de São Carlos, Araraquara, Bebedouro, Barretos, Piracicaba, Jaú, Pederneiras, Bauru, Dois Córregos, Ribeirão Bonito, e cerca de trinta outras pequenas cidades (O combate, 01/10/1925). Em 1935, com dezoito anos de existência, a Empresa Teatral Paulista contabilizava cerca de dezenove cinemas em diferentes locais do interior de São Paulo (Correio Paulistano, 25/09/1935). A queda no número de salas, provavelmente, deve-se à popularização do cinema sonoro, que incitou a reforma e modernização dos cinemas, o que gerou grandes gastos às empresas administradoras. Quanto à estreia do som no cinema, em Piracicaba, a população passou a conhecer os filmes sincronizados três meses antes dos campineiros, entretanto, o filme exibido foi o mesmo. A primeira projeção de O pagão [The pagan, EUA, 1929] em Piracicaba aconteceu em 24 de outubro de 1929, no Cine São José. Já em Campinas, a fita foi exibida em 28 de janeiro de 1930, no Cine Teatro São Carlos. Na sequência, a cidade de São Carlos também recebeu a projeção da fita, em 20 de fevereiro de 1930, no cinema de mesmo nome. Santos à parte, os cine teatros passaram por mudanças para que fosse possível a projeção dos filmes sonoros. Contudo, enquanto o São José adotou tanto o sistema de reprodução de som na própria película (movietone) quanto em discos (vitaphone), os São Carlos, pelo menos de início, adquiriram somente aparelhos capazes de reproduzir sons em disco. É importante destacar que as empresas administradoras dos espaços eram diferentes, sendo a Empresa Teatral Paulista responsável pelos Cine Teatros São Carlos (tanto o de Campinas quanto o de São Carlos), e a A. Campos e Cia. pelo Cine Teatro São José. A diferenciação na escolha dos aparelhos aponta para a opção predominante da Empresa Teatral Paulista em todo o interior do estado de adotar somente o sistema vitaphone. Por outro lado, a exibição de O pagão nas diferentes cidades, e mesmo por diferentes empresas administradoras, sinaliza a existência de uma rede pela qual circulavam as fitas ao redor do estado. Assim, este trabalho tem como objetivo analisar como se davam a circulação e a exibição de filmes em Campinas e Piracicaba, duas cidades importantes do interior paulista, durante as décadas de 1920 e 1930. Consideraremos a participação da Empresa Teatral Paulista no circuito exibidor das duas cidades, avaliando em que medida sua atuação facilitava que os filmes circulassem pelo interior. Além disso, pretendemos identificar semelhanças e distanciamentos relacionados ao desenvolvimento de seus circuitos de salas, a fim de investigar até que ponto a proximidade geográfica das cidades pode trazer também proximidades com relação ao desenvolvimento de seus cinemas, e, até mesmo, na maneira como as próprias cidades interagiam com eles. |
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Bibliografia | BATTISTONI Filho, Duílio. A vida cultural em Campinas (1920-1932). Campinas: Komedi, 2008.
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