ISBN: 978-85-63552-17-4
Título | “Ladrões de bicicleta” em contexto latino-americano |
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Autor | Genilda Azeredo |
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Resumo Expandido | A primeira sequência do filme O banheiro do papa (2007; dir. Enrique Fernández e César Charlone) mostra uma sombra de bicicleta em uma estrada de barro. O signo bicicleta, assim captado de modo distanciado e oblíquo, parece sugerir, em uma reflexão retroativa sobre o filme, uma homenagem a De Sica e seus “ladrões de bicicleta”.
Em O banheiro do papa, diferentemente do que acontece em Ladrões de bicicleta (1948), o ato de roubar não é referencial ou explícito. No entanto, aos olhos da lei e da fiscalização, uma vez que transportam mercadorias contrabandeadas, é assim que aqueles trabalhadores são considerados: ladrões de bicicleta. Partindo desta imagem densamente simbólica, assombrosa, que funde intertextualmente e metaforicamente dois filmes separados no tempo e na geografia, propomos a discussão de O banheiro do papa de modo a ressaltar o diálogo entre uma representação documental e ficcional; entre o microcosmo familiar, afetivo e o da macro-política das autoridades da lei, inclusive a religiosa; entre o discurso do sonho, do vislumbre e aquele da negação e da carência, advindo da dura realidade que parece engolir a todos na pobre cidade uruguaia. Atenção especial será dada à estratégia metalinguística ligada à utilização do discurso jornalístico, metonimicamente representado pela TV, responsável por fazer a cobertura da visita do papa à cidade. O que dizem os discursos sobre o papa? O que diz o discurso do papa? O que diz o discurso maior da narrativa fílmica, que articula tudo? |
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Bibliografia | Didi-Huberman, Georges. O que vemos, o que nos olha. Tradução de Paulo Neves. São Paulo: Editora 34, 2010.
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