ISBN: 978-85-63552-17-4
Título | Noé e a Arca sem rumo. O novo autorismo cinematográfico e os filmes de |
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Autor | Luiz Vadico |
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Resumo Expandido | “Hollywood volta a explorar o filão Bíblico” essa chamada de uma revista dá a dimensão do problema. Desde o início da história do cinema temas religiosos e personagens bíblicos serviram de inspiração para centenas de filmes. Essa grande produção possui dois períodos bem distintos, logo entre os anos 1910 e 1930 e depois dos anos 50 até meados dos 70, conta com grandes sucessos de público e crítica, contabilizou lucros extraordinários e também fracassos retumbantes.
Essa gama de produtos audiovisuais constituem O Campo do Filme Religioso, um campo que se define também pelo embate dos religiosos (crentes e instituições) com os produtores cinematográficos. Este embate permitiu avanços significativos para ambos os lados. Uma marca importante nesta relação é o público. O público alvo destas produções sempre foi o espectador religioso. Era a sua aprovação que interessava aos produtores, pois sem ela não teriam bilheteria. Tocar nestes temas significa lidar diretamente com a fé das pessoas, uma situação espinhosa. Após décadas de extremo cuidado ao lidar com o assunto parte da produção cinematográfica atual parece não se incomodar em agradar ao público religioso, não obstante, busca inspiração nos seus assuntos. Entre os diversos quesitos que definem que obras pertencem ao Campo do Filme Religioso estão dois que nos interessam particularmente: A intenção do diretor em fazer um produto deste tipo (que possui uma função social específica), e o filme autoral (de assunto religioso), cuja análise deve ser feita com critérios diversos do da produção mainstream. O chamado Cinema de Autor deu, desde os anos 50 até a atualidade, importantes contribuições nesta área. No entanto, ele alcança um nicho de público diverso do tradicional público do Épico Bíblico Hollywoodiano. E os diretores autorais são conscientes disso. Há até mesmo certa predileção dos críticos de Cinema Cristãos por este último tipo de produção, por ser mais reflexiva e estética. Normalmente as produções autorais também são de baixo orçamento. No entanto, hoje possuímos uma situação diversa, somos chamados a assistir os filmes novos de Aronofsky e Ridley Scott, diretores conhecidos por terem certo estilo, se não até mesmo uma “marca”. E diante da grife que eles significam – e sabem que significam – eles propõem liberdades autorais sobre o filme de assunto religioso para um público que até então não busca e não deseja inovações neste setor. Aqui chegamos a um momento novo: Cinema autoral, de grande orçamento, para um público massivo, dentro do qual se encontra o espectador clássico destes filmes. Através da análise estética e narrativa do filme Noé (Aronofsky, 2014), pretendemos discutir as transformações recentes havidas no costumeiramente chamado Gênero Épico Bíblico Hollywoodiano. As diversas licenças do diretor no que tange ao material bíblico e à tradição cinematográfica de como representa-lo guiarão nossos questionamentos. “Noé” chamou negativamente a atenção do público e dos críticos, recheado de “hibridismo de gêneros”, citações visuais, e chegando mesmo a apropriar-se de personagens advindos da animação televisiva (O Mestre dos Magos, da Caverna do Dragão), ele surpreendeu por não atender minimamente o espectador do Campo do Filme Religioso. Nestes termos surgem as questões: Noé é um filme bíblico? Pertence ao Campo do Filme Religioso? Tem alguma função no mesmo? Neste processo nos alongaremos em algumas comparações com o filme de Ridley Scott “Exodus. Deuses e Reis” (2015). As transformações que os gêneros ocasionalmente sofrem adequando-se aos diversos momentos da indústria sempre são bem vindas. No entanto, buscamos explicar essas adequações a partir do desenvolvimento do Novo Autorismo e suas possíveis implicações. É importante observar que o filme de Aronofsky é bastante inovador em todos os quesitos, não na arte cinematográfica como um todo, mas no gênero ao qual se esperava que ele pertencesse. |
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Bibliografia | BABINGTON, B. & EVANS, P. W. Biblical Epics. Sacred Narrative in the Hollywood Cinema.Manchester: Manchester University Press, 1993.
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