ISBN: 978-85-63552-17-4
Título | Fantasia Lusitana: olhares estrangeiros em Portugal |
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Autor | Marcio Aurelio Recchia |
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Resumo Expandido | Esta apresentação nasceu do meu projeto de mestrado, que consiste em analisar o Filme Vincere (2009), do diretor italiano Marco Bellocchio, fazendo uma ponte com o mesmo momento histórico em Portugal, ou seja, o período do Estado Novo português.
Vincere retrata a ascensão do líder fascista Benito Mussolini a partir do ponto de vista de sua primeira companheira/esposa, Ida Dalser, com quem teve um filho nunca reconhecido. O período abordado é a primeira metade do século XX, um momento de entre guerras, época em que vários ditadores subiram ao poder, tais como Mussolini, Hitler, Franco e Salazar. Ao se pensar em Portugal como nação governada por uma ditadura, houve a necessidade de entender de que forma os governos totalitários impactaram as suas populações, lembrando que, se com a morte de Mussolini e de Hitler em 1945 se encerram as ditaduras fascista e nazista, na Península Ibérica, tanto Franco quanto Salazar vão se manter no poder nas décadas seguintes. No caso português, que nos interessa particularmente, a ditadura só termina em 1974, como sabemos, com a Revolução dos Cravos. Destarte, com o fim da censura, tanto a literatura quanto o cinema portugueses começaram a revisitar esse longo período de silêncio imposto. No que concerne à literatura, entre as várias obras que podemos citar, destacamos o romance O Ano da Morte de Ricardo Reis (1984), de José Saramago, cujo enredo se desenvolve nos anos de 1935 e 1936, época na qual a truculência do governo português é notória e intensa. Neste momento histórico, o fascismo e o nazismo imperam na Europa, e, muito embora Portugal tenha se colocado como país “neutro” na Segunda Guerra Mundial, seu alinhamento ideológico se aproxima daquele dos governos de extrema direita, fato que derruba a teoria de total neutralidade. No caso do filme Fantasia Lusitana (2010), do diretor João Canijo, que será nosso objeto de estudo, podemos observar dois Portugais: aquele idealizado e perfeito, divulgado pela propaganda do Estado Novo português salazarista e aquele real, visto e vivido pelo olhar do estrangeiro que passava por Lisboa a fim de embarcar para a América e fugir da perseguição do nazismo. Dentre os estrangeiros que por lá passaram, muitos eram conhecidos, como a dramaturga alemã Erika Mann, filha do escritor Thomas Mann; o escritor judeu-alemão Alfred Döblin e o escritor e piloto francês Antoine de Saint-Exupéry. Os relatos dos três sobre Lisboa são bem divergentes daquele divulgado pela propaganda nacional. Em Fantasia Lusitana há imagens obtidas através de arquivos oficiais, isto é, favoráveis ao regime, cujo objetivo era mostrar Portugal como um “oásis de paz”, ideia apregoada pelos discursos de António de Oliveira Salazar. No entanto, as fotos e os depoimentos dos registros que ficaram dos estrangeiros que por lá passaram surgem como contraponto à imagem idealizada da nação lusitana. Eis aqui alguns dos aspectos que pretendemos trazer para a discussão em nossa análise. |
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Bibliografia | AUGUSTO, C. de F. A Revolução Portuguesa. São Paulo: Editora Unesp, 2011
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