ISBN: 978-85-63552-17-4
Título | “A TELEVISÃO INCIDENTAL – da Figuração a Protagonista.” |
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Autor | paulo braz clemencio schettino |
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Resumo Expandido | A segunda grande mentira ou ilusão do Cinema seria fazer-nos crer aos seus espectadores que estamos diante de um fato da primeira realidade em lugar de sua Representação. Assim como o milenar Teatro – o meio cinético de representação imagética imediatamente anterior ao Cinema – também este como aquele quando produzido com competência consegue fazer o espectador confundir as duas realidades. Peças teatrais mais antigas e futuros filmes cinematográficos, quando bem realizados, conseguem tornar-nos incapazes de distinguir Ficção de Realidade: rimos ou choramos ante uma comédia ou tragédia, ou rimos e choramos quando assistimos uma tragicomédia esquecidos que temos diante de nós uma Representação. Embalados pela emoção mergulhamos na Ilusão e nos enveredamos em busca do sonhado Sonho. Tudo resultado de uma Ciência Aplicada, ou Tecnologia, que nos ensina a dominar tanto a Eletricidade, tão importante que foi transformada em musa da modernidade, quanto a Luz, principal ferramenta da Fotografia e de seu filho chamado Cinema. Um ramo da Física cresceria como fruto de seus últimos e gloriosos 5 anos do século XIX – o Eletromagnetismo e a Eletrônica, gestando a futura comunicação à distância com o nascimento do Rádio e da subsequente Televisão. Mas, na virada dos séculos a febre do Cinema se propaga e excede-se ao aprender a falar e se ataviar com as cores, e naqueles anos da década de 1930 todo o mundo ia ao cinema distraído enquanto a Ciência continuava celeremente o seu desenvolvimento em busca da competência de engendrar mais dois novos colossos que o mundo estarrecido passaria a conhecer justo no início do segundo pós-guerra mundial: a bomba atômica e a televisão. A primeira delas enquanto notícia explodia galardoada com nomes de estrelas de Cinema nos cinejornais, e a segunda aparecia esporádica e timidamente nos filmes cinematográficos de ficção apenas como mero figurante. No entanto, faria menos de uma década de seu exórdio (1945) e o seu papel cresceria a ponto de se tornar protagonista concomitante à percepção crescente que o Cinema ia adquirindo da perda de terreno para a cruel inimiga que se expandia sem cessar. Nos anos 1950, finalmente, seria declarada a guerra dos media.
O primeiro seriado de Flash Gordon no Cinema são as primeiras imagens fascinantes do Telediálogo, disseminadas para o grande público do mundo inteiro. No mesmo ano, Disney coloca a vilã – a madrasta má da protagonista, Branca de Neve – dialogando com o espírito advinhatório do espelho, enquanto que, Charles Chaplin, em seu Tempos Modernos, também apresenta a sua versão do telediálogo. Importante verificar que todas estas obras fílmicas reproduzem a semiosfera circunstante do momento histórico formada pela imaginação criadora dos escritores emanada de partes de nosso objeto da pesquisa que empreendemos para estudar a gênese da Televisão. Enquanto os cientistas, trancados em seus laboratórios, perseguiam o seu intento, os fabricantes de ilusão e sonhos, os ficcionistas, viajavam em suas criações imagéticas apontando, e porque não? , possíveis soluções. Também o Cinema Brasileiro, dez anos depois (1947), registraria o telediálogo do protagonista da comédia Uma Aventura aos 40, de Silveira Sampaio, contestando e “batendo boca” com o apresentador do programa televisivo do tipo “Esta é sua vida” enfocando justo o protagonista, que se encontra sentado de fronte à televisão, em sua sala de visita. Este, não resistindo às distorções dos fatos apresentadas no programa “interage” de uma forma precursora. O filme foi realizado no espaço de tempo em que por aqui circulavam notícias sobre o novo meio de comunicação, novidade nos Estudos Unidos, porém anterior à sua chegada ao Brasil. Selecionamos para estudo algumas das participações da nova estrela chamada Televisão em filmes cinematográficos estrangeiros e brasileiros que vão de fugidias aparições a compor cenografia ao ápice do estrelato que é tornar-se o tema principal do filme. |
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Bibliografia | BOGDANOVICH, P. Afinal, quem faz os filmes? São Paulo: Companhia das Letras, 2000.
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