ISBN: 978-85-63552-17-4
Título | Cinema colaborativo: a história de uma experiência |
|
Autor | Candida Maria Monteiro |
|
Resumo Expandido | O método
As experiências audiovisuais transmidiáticas ganham relevância a partir da emergência da chamada convergência, na qual as novas ferramentas interativas pressupõem consumidores e produtores de imagens participativos (JENKINS). Uma vez que as novas ferramentas de se criar imagem em movimento está ao alcance de um número cada vez maior de pessoas, tais transformações passam a influenciar a prática da atividade no dia-a-dia das produções profissionais. O artigo apresenta uma experiência colaborativa realizada no curso de cinema da PUC-Rio. O objetivo da proposta foi buscar uma aproximação maior dos alunos, ao mesmo tempo em que procurava-se estabelecer uma nova metodologia do ensino do audiovisual. Dito de outro modo, a ideia foi transformar a experiência em conhecimento, descobrindo métodos alternativos de produção de conteúdos, que pudessem ser aplicados em produções amadoras, experimentais e profissionais. Contribuindo, desta forma, para o desenvolvimento de linguagem. Nesse sentido, foi possível uma integração entre geração de conhecimento e prática da atividade audiovisual. A proposta resultou em dois filmes, um de ficção e outro documentário, totalmente construídos em plataformas online. Participaram do projeto cerca de 30 alunos. O método aplicado associou as duas formas de produção: analógica e digital. Assim, a estruturação da equipe técnica seguiu a mesma configuração adotada no cinema convencional, que serviu de base para a realização do novo processo, cujo desenho recorreu às redes sociais e aplicativos disponíveis na web. A questão Vale sublinhar que o trabalho colaborativo traz à tona um dos traços mais marcantes da geração que nasceu em meados dos anos 1990, os chamados nativos digitais. Para eles, a interferência e utilização de originais encontrados na web são práticas comuns na (re)criação de seus trabalhos. Essa característica é de tal forma acentuada que acabou se convencionando chama-los de geração remix. Ou seja, para os “nativos digitais” todo conteúdo pode ser compartilhado, transformado ou editado. Mesmo imagens, sons ou textos previamente conhecidos e protegidos por direitos autorais, podem ser alterados, desestabilizando, assim, a autoria da obra. As ideias e imagens que estão na rede devem e podem ser recicladas. Nada se perde, todo conteúdo se transforma. A partir da constatação de que a autoria se dissolve nos tempos de atuais, a experiência tornou possível discutir a questão autoral no formato colaborativo. Afinal, no cinema realizado em rede, no qual a produção de conteúdo se dá de forma coletiva, é impossível identificar o autor da ideia. Surge, então, uma questão que traz em seu bojo a marca da transformação ocorrida na passagem do processo analógico para o digital. Podemos dizer que a era virtual inaugurou a autoria líquida? (BAUMAN) Afinal, qual o limite do autor em uma narrativa aberta? Qual seria a diferença entre gerenciar uma ferramenta participativa e contribuir para o produto colaborativo? Essas, entre outras questões, permearam a condução do processo da nossa experiência. O resultado Além do debate, a experiência resultou em trabalhos relevantes, tanto do ponte de vista da realização individual como coletiva. O início do processo foi deflagrado com a proposta de criar um filme de cinco minutos com o celular, abordando um tema livre. O intuito do exercício foi esquentar individualmente para a prática coletiva, que viria a seguir. Nasceu, assim, O lugar mais frio do Rio, de Madiano Machetti. A qualidade artística e técnica do trabalho acabou chamando atenção, o filme foi selecionado para Janela Internacional de Cinema de Recife, 2014. Outro trabalho que merece destaque é o ensaio fotográfico de A. Hofmeister. Aqui o autor acompanha um desconhecido que circula pelas as ruas de Copacabana. Ao final, a experiência revelou a importância do compartilhamento, uma vez que a criatividade é estimulada pela diversidade de olhares. |
|
Bibliografia | CATALÀ, Josep M. Estética del ensaio. Valencia: Universitat de Valencia, 2014.
|