ISBN: 978-85-63552-17-4
Título | Representações Femininas nos Filmes de Horror Ringu e O Chamado |
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Autor | Filipe Tavares Falcão Maciel |
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Resumo Expandido | Formatado a partir do lançamento do filme Ringu, de 1998, o horror japonês contemporâneo, ou J Horror, tornou-se uma forma de endereçamento fílmico para o Ocidente. As obras japonesas geraram um modelo de produção de sentido logo “descoberto” e exportado por Hollywood – com refilmagens para um público internacional. O remake de Ringu foi lançado no ano de 2002 com o título de O Chamado. Que a produção de um remake gera diferenças entre o filme original e a refilmagem, não há dúvidas. Mas o que ocasiona estas mudanças e como podem ser percebidas?
Pesquisadores como Kellner (1995), Carroll (1990), Roche (2014), entre outros, afirmam que através de filmes de horror é possível traçar diversas possibilidades de leituras sobre questões políticas, sociais e de gênero nos países nos quais as produções são lançadas. Dentro deste pensamento, a questão de gênero possui grande importância em produções de horror uma vez que a figura da mulher, seja como vítima ou como sobrevivente, é bastante recorrente nestes filmes. Para esta pesquisa, vamos analisar as protagonistas de Ringu e de O Chamado para trabalharmos com a perspectiva de que existem reenquadramentos temáticos nas refilmagens para que cada obra funcione para públicos e sociedades específicas. Em Ringu, a protagonista se chama Reiko Asakawa. Através de uma primeira leitura, Reiko, que é mãe solteira, é vista como uma mulher dependente da ajuda de homens diante de situações de perigo. Por ser mãe solteira, Reiko não recebe tarefas importantes no trabalho. Em O Chamado, a protagonista se chama Rachel e também é mãe solteira. Além de ser bem sucedida no emprego, Rachel é mais independente na hora de buscar informações para solucionar situações de perigo. Para chegarmos até a construção destas personagens, torna-se necessário investigar como a figura da mulher costuma ser representada nos filmes de horror dos dois países e pesquisar se tais representações são recorrentes. É importante definir que este tipo de interpretação acaba sendo muitas vezes generalista em razão da própria demanda produtiva. Resumir que o cinema japonês trabalha com a imagem da mulher de forma patriarcal deve ser qualificado no mínimo como uma tentativa de simplificar a presença de personagens femininas na filmografia do país. Ao mesmo tempo, é inegável que a sociedade japonesa tem passado por importantes mudanças desde o fim da Segunda Guerra Mundial, em 1945. Estas transformações trouxeram novos tópicos para questões de gênero visto que a mulher passou a ocupar importantes posições no mercado de trabalho e o divórcio tornou-se uma realidade. Já nos Estados Unidos, Turner (1997) aponta o feminismo, que surgiu no final da década de 1960, como principal elemento na formatação da figura da mulher vista no país e de como esta realidade reverberou para o cinema. Ao mesmo tempo, ele deixa claro em seus estudos sobre gênero que existem convenções que enquadram a representação das mulheres no cinema norte-americano e que ir contra tais parâmetros, porém, não é fácil. Desta forma, torna-se necessário lembrar que mesmo com o feminismo, a forma como a mulher é mostrada nas produções muitas vezes se enquadra em um perfil de objetivação masculina. Para este estudo, será mostrado inicialmente como Reiko e Rachel lidam com situações de perigo e de que forma elas reagem quando o mal parece afetar seus filhos. Também é importante pontuar como é o relacionamento das duas não apenas com os pais dos seus filhos, mas com demais homens próximos como familiares, colegas de trabalhos ou chefes. Para o estudo de gênero em geral, além dos trabalhos de Kellner, Carroll e Roche, será importante incluir outros autores que tratam da questão da mulher no cinema de horror como Clover (1992) e Hutchings (2004). O trabalho de pesquisadores cujos estudos podem trazer colaborações sobre a questão de gênero no cinema também serão importantes como Turner (1997), Butler (1990), entre outros. |
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Bibliografia | BUTLER, Judith. Gender Trouble — Feminism and the Subversion of identity.
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