ISBN: 978-85-63552-17-4
Título | Foley: A evolução das técnicas de criação de som no cinema brasileiro |
|
Autor | Fabiana Quintana Dias |
|
Resumo Expandido | Na passagem definitiva para o sonoro, entre o fim da década de 20 e o começo dos anos 30, o cinema desenvolve uma série de técnicas de sonorização muitas delas vigentes até hoje. Os ruídos de sala, a edição de som e as trilhas musicais começaram a ocupar um lugar de destaque nas produções, e em todo esse processo foi fundamental a participação dos profissionais do rádio. Os profissionais de som para cinema não existiam naquela época. De início, o som foi improvisado com quem estava disponível no mercado. Na corrida dos estúdios para se adequar à novidade, dezenas de “faz tudo” foram colocados à prova, criando assim um novo ofício.
A ruidagem de sala, como conhecemos hoje, começou a ser utilizada já nos primeiros anos do cinema sonoro, em 1929. O termo norte-americano para essa atividade, conhecido como “Foley”, foi colocado em homenagem a seu principal nome, Jack Foley, editor de cinema que trabalhava na Universal Studios e um dos precursores na arte de regravar o som de passos, gestos e atitudes das pessoas em cena. Jack foi o primeiro a utilizar a técnica de regravação de sons em sincronia com a imagem nos Estados Unidos, tendo como objetivo incrementar a qualidade do som que muitas vezes tinha baixa qualidade. As experiências com som fizeram com que o cinema brasileiro incorporasse técnicas artísticas do rádio, que em seguida eram reproduzidas nos filmes. O Brasil não tinha uma indústria forte como a americana, o que levou então os profissionais a trabalharem nos dois veículos ao mesmo tempo. Além da música e do texto, o cinema manteve com o rádio um diálogo calcado na experiência da fabricação de ruídos, ou seja, tudo que dizia respeito à ambiência sonora e ao clima psicológico de uma cena construída a partir do som. A arte do Foley é uma das técnicas fundamentais do cinema contemporâneo. Consiste na composição de sons para objetos, em que o som original (captados por som direto), mostra-se insuficiente ou inadequado para uma determinada situação audiovisual, ou mesmo quando uma cena precisa ser preenchida na fase de pós-produção. É todo som reproduzido em estúdio gerado pelos personagens, por meio da “mímica” de seus movimentos, e todos os ruídos necessários para complementar a imagem. Essa necessidade de se colocar efeitos sonoros nos filmes fez com que a criação de sons se tornasse um desafio para os profissionais em busca do cenário sonoro ideal. O trabalho do contra-regra era fazer simulações de sons próximos da realidade, a fim de facilitar ao ouvinte imaginar o cenário da história. A equipe utilizava diferentes tipos de objetos como papel, areia, até pente de cabelo para criar os sons. Assim, se já muito foi dito sobre a ilusão de realidade no cinema, percebemos que é possível também se pensar uma “ilusão de sonoridade”, ou melhor, que a ilusão de realidade não é uma construção puramente imagética, mas audiovisual. Passos, ruídos de roupas, manuseio de objetos (talheres, copos, cadeiras sendo puxadas), quedas, e outras ações, são imitados pelos artistas de Foley enquanto assistem à cena e gravam seus sons. O Foley é usado atualmente combinado ou de forma independente com efeitos sonoros. Não é só uma inserção de ruídos, e sim o que dá apoio à realidade da cena. O Foley, para AMENT (2009), tem como principais funções, apoiar, reforçar, substituir e criar a realidade dentro da narrativa. Um dos pioneiros na arte de fazer sons é Geraldo José, que levou seus conhecimentos do rádio para o cinema e desenvolveu a prática da pós-produção de som no Brasil. Usando o som com força dramática, tornou-se um dos principais profissionais de cinema especializados nessa área. Ele garantia os ruídos e efeitos necessários à complementação do som direto em estúdio e dos diálogos dublados, acrescentando realismo ao cinema brasileiro. Na prática, as técnicas de criação de efeitos não tiveram mudanças expressivas, mas sim uma grande evolução em sua qualidade com a chegada das novas tecnologias. |
|
Bibliografia | • AMENT, Vanessa Theme. The foley grail : the art of performing sound for film, games, and animation. Burlington, USA: Focal Press-Elsevier, 2009.
|