ISBN: 978-85-63552-17-4
Título | A metaficção no cinema de Jorge Furtado: Uma questão estilística |
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Autor | DANILO LUNA DE ALBUQUERQUE |
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Resumo Expandido | A partir da abordagem da análise estilística, este trabalho pretende investigar a utilização e recorrência da estruturação narrativa metaficional na obra cinematográfica do diretor Jorge Furtado e suas contribuições de produção de sentido nas narrativas, destacando o foco da análise para o curta metragem O sanduíche (2000).
A abordagem da estilística cinematográfica vem sendo pautada pelo pesquisador norte americano David Bordwell, na tentativa de investigar a utilização e a repetição de procedimentos da especificidade fílmica, por autores, grupos de autores ou sistemas de produção, em determinados pontos da história, e suas motivações de escolha (2013, p. 17 e 18). Dessa forma, o estilo pode estar associado ao trabalho individual de um cineasta, como o objeto desta comunicação, mas também pode ser relacionado a um estilo de grupo de cineastas em um período histórico, movimentos artísticos, como a Nouvelle Vague ou o cinema novo, ou até aos sistemas de produção como o cinema de Hollywood e o cinema europeu. Apesar de buscar uma análise da especificidade cinematográfica na materialidade, Bordwell destaca que a observação dos traços estilísticos “podem também estar falando sobre propriedades, como estratégias narrativas ou assuntos ou temas preferidos” (2013, p. 17), interessando a este trabalho como abordagem de análise para os produtos fílmicos de metaficção no conjunto de obras do cineasta gaúcho. Gustavo Bernardo descreve as estruturas narrativas metaficcionais como uma ponte entre níveis de ficção numa mesma obra, “é uma ponte interna, e nela se pensa a ficção dentro da ficção” (2010, p.37). Tais estruturas possibilitam, ao pensar no cinema, que os produtos fílmicos tratem sobre sua própria feitura, sobre sua especificidade do ponto de vista de criação, com “a capacidade para auto-reflexão de um meio ou linguagem” (STAM, 2003, p.174), nesse caso específico da própria linguagem cinematográfica. De maneiras distintas, ao utilizar as estruturas metaficcionais, Jorge Furtado coloca a discussão sobre o fazer cinema em pauta, destacando todo engendramento técnico, financeiro e logístico pertinente a este universo, perpassando desde o financiamento para a realização de obras, até seleção de personagens, treinamentos atores e bastidores dos sets de gravação: “a reflexividade fílmica se refere ao processo pelo qual os filmes trazem a primeiro plano sua própria produção” (STAM, 2003, p.174). Neste sentido, procuramos investigar a recorrência da estruturação narrativa metaficcional dentro das obras do cineasta gaúcho, compondo um traço estilístico, mesmo em vista das diferentes plataformas de atuação do diretor, e como a escolha da metaficção como caminho de representação para contar histórias possibilita que as obras de Furtado tragam debates sobre as especificidades do próprio fazer fílmico, da semiótica do cinema e da fronteira entre ficção e realidade, mas ao mesmo tempo potencializando questões que vão além do debruçar-se sobre própria linguagem, como as leis de financiamento para produção cinematográfica independente, o papel social do cinema, o jornalismo, as identidades culturais e as relações sociais contemporâneas. Dentro desta perspectiva, compreendendo a metaficção como “um fenômeno estético autorreferente através do qual a ficção duplica-se por dentro, falando de si mesma” (BERNARDO, 2010, p.9), pretendemos delinear as produções metaficcionais presentes na filmografia do cineasta, compondo um aspecto de seu estilo, e as contribuições de produção de sentido promovidas pela estrutura metaficcional, recaindo o foco de análise referencial para o curta metragem O sanduíche (2000). |
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Bibliografia | AZERÊDO. Genilda. Reencenando imagens e palavras (anotações sobre literatura e filmes). João Pessoa: Editora UFPB, 2013.
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