ISBN: 978-85-63552-17-4
Título | A Representação das Suffragettes no Primeiro Cinema |
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Autor | Camila Manami Suzuki |
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Resumo Expandido | No início do século XX, na Europa, além do surgimento de novidades tecnológicas que transformaram a vida das pessoas e suas relações sociais, houve também a popularização de um movimento que buscava a igualdade política entre homens e mulheres. As jovens integrantes desse movimento ficaram conhecidas como suffragettes e passaram a ser representadas no cinema e jornais da época de diferentes formas, as vezes comicamente ou até de maneira ofensiva.
Grupos de mulheres que reivindicavam algum direito, existiam há muito mais tempo e costumavam compartilhar suas ideias através de jornais que circulavam há anos em alguns países europeus. Esses “jornais feministas” eram dirigidos e editados por “suffragettes” para que outras mulheres refletissem acerca de sua posição na sociedade, tendo em vista os direitos masculinos. Embora todos os grupos protestassem basicamente por direito político às mulheres, alguns deles defendiam o voto apenas para as mulheres casadas, enquanto outros não aceitavam restrições e apoiavam o direito ao voto para todas as mulheres, sem restrições. Além das divergências citadas acima, havia grupos mais violentos que para chamar a atenção da sociedade e das autoridades para a sua causa promoviam incidentes envolvendo ataque à lojas na cidade, por exemplo, em ocasiões como essa, as mulheres saíam às ruas munidas de paus, martelos e objetos equivalentes, na tentativa de promover tumulto e depredar o que pudessem, inclusive, ateando fogo pelas ruas. Situações como essas passaram a ser expostas pela imprensa e também pelo cinema da época, cada veículo a seu modo, representava as suffragettes com o objetivo de atrair público e arrecadar dinheiro. Nesse período, muitas charges e filmes sobre essas mulheres foram feitos, mostrando a expressão que esse movimento atingiu, o que não quer dizer que era fácil conquistar adeptos e tão pouco convencer os homens da legitimidade de tais exigências. Boa parte das charges, ilustrações, notícias e filmes veiculados naquela época, e que não eram produzidos pelas defensoras do movimento, tinham como objetivo denegrir e diminuir a sua importância. Analisando esse material, é possível notar um certo desprezo pelas pretensões femininas, retratado, normalmente, através do deboche que se fazia das mulheres e de suas atitudes. Essas mulheres eram vistas como chatas, velhas, solteironas ou mal amadas, e que apenas por essas razões gastavam seu tempo em tais atividades. Os filmes também retratavam as mulheres suffragistas como irresponsáveis e egoístas, capazes de abandonar filhos pequenos, maridos desesperados e até cometer crimes para defender suas ideias. As representações também faziam chacota das reuniões das mulheres, promovendo a ignorância sobre suas atividades e objetivos. A proposta desse trabalho é analisar diversos filmes, realizados no período de transição narrativa, que representam as suffragettes e suas reivindicações, abordando o estereótipo criado através da reprodução sistemática de um pensamento autoritário e patriarcal, e confrontando-os com os filmes realizados por Alice Guy-Blaché que apresentam mulheres simpáticas aos movimentos femininos da início do século XX, ressaltando a diferença no olhar feminino e masculino na representação de questões femininas no cinema. |
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Bibliografia | ABEL, Richard. Encyclopedia of early cinema. NY: Routledge, 2005.
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