ISBN: 978-85-63552-17-4
Título | Marty e Donnie chegam enfim ao Futuro: Cinema de Gênero, Temporalidade e Tecnologia |
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Autor | Erick Felinto de Oliveira |
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Resumo Expandido | Como nos lembra um evento que recentemente adquiriu dimensões virais na internet, a data de chegada ao futuro de Marty McFly, protagonista de Back to the Future (Robert Zemeckis, 1985), está programada para 21 de outubro de 2015, precisamente durante a realização do XIX Encontro da Socine. Ganhador de diversos prêmios no campo da ficção científica, o filme também foi um enorme sucesso de público na época de seu lançamento, dando origem a uma franquia exitosa responsável por um faturamento mundial de quase 1 bilhão de dólares. O objetivo deste trabalho é abordar a problemática do gênero a partir de dois filmes que, em suas enormes diferenças, encontram-se no terreno comum da temática da viagem no tempo e do drama/comédia adolescente: Back to the Future e Donnie Darko (Richard Kelly, 2001). De fato, as semelhanças entre os filmes já foram objeto de interessantes comparações, a ponto mesmo de se sugerir que o segundo seja uma espécie de fan fiction inspirada no primeiro. Segundo Christina Lee, “esses dois filmes apresentam um momento raro na história do cinema, no qual a coincidência se torna sincronicidade poética” (2010, p. 111). Todavia, pouco foram exploradas as estratégias utilizadas por tais obras para viabilizar a criação de atmosferas históricas (por exemplo, os anos 50 vistos pelo prisma dos anos 80, em Back to the Future, e os anos 80 vistos pelo prisma dos anos 2000, em Donnie Darko). Partindo da tese de Hans Ulrich Gumbrecht em Production of Presence, segundo a qual nossa era se caracterizaria por um acentuado desejo de presentificação (2004, p. 121), empreende-se uma análise das ambiências temporais geradas nos dois filmes a partir de suas cenografias, fotografias, mise-en-scène e situações narrativas. Ao mesmo tempo, interessa ultrapassar a esfera específica dessas duas obras (ou de qualquer outro filme em particular), de modo a explorar o cinema como tecnologia geradora de temporalidades ou, para usar a terminologia recente da nova teoria da mídia alemã, como zeitbasiertes Medium (Cf. Ernst, 2012). O tema da viagem no tempo torna-se, desse modo, um interessante vetor de reflexão sobre o problema da temporalidade na experiência cinematográfica. Como afirma, por exemplo, Mary Ann Doane, “o cinema passou do status de uma máquina que surpreende e espanta através de sua capacidade de registrar o tempo e o movimento a uma máquina para a produção de temporalidades que mimetizam ‘o tempo real’” (2002, p. 31). Com isso, almeja-se demonstrar que, mesmo nas produções aparentemente mais ingênuas e nos recursos mais simplistas à tipologia dos gêneros, escondem-se formas de pensamento e experiência capazes de problematizar profundamente a percepção da realidade e as certezas do sujeito cognoscente. |
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Bibliografia | Shail, Andrew; Stoate, Robin (2010). Back to the Future. London: BFI Film Classic.
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