ISBN: 978-85-63552-17-4
Título | A direção de arte na narrativa visual cinematográfica |
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Autor | Nívea Faria de Souza |
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Resumo Expandido | Sendo o cinema a arte da imagem (Jacques Aumont), tudo que é visto passa criteriosamente por uma poética visual de modo a buscar a empatia comunicacional com espectador e, principalmente, a contribuir para a narrativa da obra, essa construção de imagens é fundamental não apenas para emoldu-rar a cena, mas também para a criação de movimento de atores, ambientação, e enquadramentos da câmera. Toda essa relação da criação da imagem faz parte da direção de arte.
Este trabalho pretende destacar a direção de arte como um campo de pensamento e crítica acerca da estética de um filme, esta não se trata de um motivo apenas decorativo, uma vez que sua função é ligada ao processo nar-rativo da obra e à dramaticidade, expondo visualmente o roteiro e todas as mi-núcias do enredo. É a direção de arte a responsável pela criação plástica da história, o que envolve todos os elementos visuais, desde o cenário aos efeitos especiais, passando pela caracterização de personagens. Roland Barthes, nos seus estudos sobre imagem e moda, aponta para a compreensão do figurino e da direção de arte como um signo visual fundamental para a construção narrativa e diegética do filme. Apesar disso, o figurino e a direção de arte são elementos geralmente pouco reconhecidos ou valorizados na análise e na apreciação crítica de um filme, mas são elementos fundamentais em sua construção e na criação de uma ilusão de autenticidade visual na relação realidade/ficção em cinema. Afastando-se do conteúdo, o figurino e a direção de arte assumem a responsabilidade de forma material mais imediata na negociação com o espectador para a passagem da realidade à ficção. Este trabalho pretende reconhecer os recursos da narrativa visual apresentada pela criação de arte cinematográfica, a caracterização cênica que torna o espectador cúmplice, invocando memórias, explicitando valores culturais e sociais de lugares e personagens. Os recursos e conceitos próprios da utilização da imagem empregados na direção de arte e na criação de figurino reforçam a construção estética da narrativa. Através de uma análise semiótica, pretende-se compreender a carga simbólica dos objetos e as escolhas da direção de arte e do figurino no filme O Testamento do Senhor Napumoceno (Francisco Manso, 1997), um filme de época que se ambienta em Cabo Verde durante a segunda metade do séc. XX, destacando o seu contributo enquanto produtor de sentidos e elemento primeiro da narrativa visual para a construção da identidade histórica, etnográfica e cultural que o filme propõe, traçando, assim, um sistema de significações presentes na obra e destacando a fundamentalidade da construção imagética na narrativa. |
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Bibliografia | AUMONT, Jacques. A Estética do filme. São Paulo, Campinas:Papirus, 1995.
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