ISBN: 978-85-63552-17-4
Título | Estética televisiva: aprofundamentos teóricos pelo viés da metatevê |
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Autor | Carla Simone Doyle Torres |
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Resumo Expandido | Este artigo é fruto de pesquisa vinculada ao PPGCOM-UFRGS, com financiamento da Capes desde agosto de 2012, sob orientação de Dra. Miriam de Souza Rossini, e sob coorientação do professor Dr. François Jost, da Sorbonne Nouvelle – Paris 3, no período entre setembro de 2014 e junho de 2015, com bolsa de Doutorado Sanduíche de Capes. Os estudos fazem parte de minha tese de doutoramento, que pretende contribuir para o aprofundamento das bases de discussão em torno das estéticas televisivas.
Desde o final dos anos 1970, o Brasil passou a ter um novo impulso em termos de produção televisiva. A herança glauberiana inspiraria novos estilos e diferentes promessas (JOST, 2007) feitas pelos programas. O contexto era de abertura política, de maior liberdade para a ênfase à instância produtiva – incluídas as figuras das pessoas e das emissoras – assim como a mídia televisiva como um todo, seus códigos e estilos. A então nova tônica possível aos programas brasileiros foi contemporânea de transições importantes no próprio campo midiático no contexto europeu e no campo das artes em âmbito mundial. Na Europa, os conceitos de Paleo e de Neotelevisão eram expostos por Umberto Eco (1984) e por Francesco Casetti e Roger Odin (1990). Os autores descrevem uma mudança no modo de produção dos programas, que desde meados da década de 1970 passaram a expor mais elementos antes restritos aos bastidores, assim como a problematizar a própria instância produtiva. Em paralelo, desde os anos 60, uma tensão entre as concepções de arte moderna e contemporânea (GOMBRICH, 2012; DANTO, 2006) também jogava luzes sobre a instância de produção, que se autoproblematizava e refletia sobre o fazer artístico. A presente pesquisa considera as possíveis irradiações a partir desses fenômenos em outros campos, para então vislumbrar a constituição de uma estética maior, que tanto é legada à televisão pela sua derivação de outras mídias, como também é captada por ela, num movimento repetido e de múltiplas afetações. A postura metalinguística e reflexiva – tão recorrente no meio televisivo desde seu começo – é vista aqui, então, como um dos caminhos para a compreensão e teorização de uma televisualidade (Soulages, 2007). Ela pode ser observada a partir de processos de estetização, que, além das inovações tecnológicas, levam em consideração os estilos de gravação, que têm, por sua vez, fatores de ativação tais como os estratos icônico, cinético e verbal (CALDWELL, 1995). Como os processos de estetização acabam influenciando no desenvolvimento dos programas (SOULAGES, 2007), a pesquisa apoia-se nos estudos de François Jost (2007), que considera a produção televisiva sob a perspectiva dos gêneros e das promessas feitas por eles. Assim, ao considerar a legitimação de uma estética televisiva a partir da perspectiva metatelevisiva, a pesquisa considera também o delineamento de uma promessa metatelevisiva, que agrega às produções em análise uma tônica de auto-revelação e de autoproblematização. Para a observação dessas características, constituem o corpus de análise programas brasileiros da década de 2000. A escolha dá-se tanto pela maior facilidade de acesso a esses arquivos, quanto pela maturação de traços metatelevisivos em meio ao histórico de produções nacionais de até então. São eles os programas Cena Aberta (Rede Globo, 2003), Profissão Repórter (Rede Globo, desde 2006) e No Estranho Planeta dos Seres Audiovisuais (TV Futura, 2009). |
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Bibliografia | CALDWELL, John. Television: Style, Crisis and authority in American television. New Brunswick: Rutgers University Press, 1995.
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