ISBN: 978-85-63552-17-4
Título | A animanotação como método dinamizador da produção de animação |
|
Autor | Henrique Moraes Kopke |
|
Resumo Expandido | “Dinamizar” é um verbo transitivo que em sua origem grega (dynamis) possui como significado “poder”, “força” e “potência”. O emprego de sistemas dinamizadores pode ser observado dentro da cadeia produtiva audiovisual desde o próprio surgimento da cinematografia mundial. O desenvolvimento tecnológico neste setor está presente tanto na evolução dos equipamentos – que progressivamente foram substituídos por outros de menor peso, melhor qualidade de imagem, melhor sistema de captação de som, emprego de cores e que, além de tudo, proporcionassem uma maior mobilidade de ação de seus operadores – como também houve uma evolução tecnológica nos processos de organização do trabalho, estruturação do filme como produto, acarretando na aplicação de metodologias industriais dentro do processo de realização cinematográfica – planificação da produção, divisão do trabalho, hierarquia vertical, obtenção de lucro como objetivo primordial, entre outros aspectos que acabaram por configurar o sistema cinematográfico industrial norte-americano, que viria a ser modelo para muitos outros países.
A animação neste aspecto é pioneira em aplicar o desenvolvimento tecnológico na sua práxis desde sua evolução quando ainda sob a alcunha de brinquedo ótico, pois a complexidade dos novos equipamentos pressupunha dinamizar e aperfeiçoar a própria complexidade na produção. Se tomarmos como exemplo a distância entre o praxinoscópio e o teatro ótico, ambos desenvolvidos por Charles-Émile Reynauld (1844-1918) são oito anos de pesquisa e desenvolvimento para a exibição pública de animações complexas, animadas à frequência de 15 quadros por segundo, e com duração média de 15 minutos. As Pantomimes Lumineuses, como eram chamadas, tiveram sucesso absoluto de público, tanto que no início do ano de 1900, o Teatro Ótico já tinha alcançado um público superior a 500.000 espectadores. Apesar do grande sucesso que a animação sempre obteve perante o público, o volume de trabalho para se realizar uma pequeno filme animado, principalmente de cunho artesanal com técnicas de stop-motion por exemplo, tornam a animação um produto audiovisual com tempo de produção e orçamentos diferenciados. Somente no século XXI é que no Brasil, através da Lei 12.485/11 que estabelece cotas de exibição de conteúdo nacional independente pelos canais de TV Paga, é possível perceber um aumento considerável na produção de séries animadas brasileiras, o que acarretou no estabelecimento primário de uma industrialização da animação nacional. Neste processo industrial, ao mesmo tempo em que elevou animadores de carreira autoral para o cargo de gestores, criou a possibilidade do surgimento da carreira do animador-operário que pode ser definido por aquele que exerce um processo operacional dentro da cadeia de produção de uma animação. O animador-operário realiza tarefas programadas, e seu processo criativo é empregado diretamente na execução da animação. (KOPKE, 2014:11) Com o objetivo de criar um método que viesse a dinamizar a produção de séries de animação brasileiras e que fosse capaz de potencializar o produto nacional ao mesmo tempo em que imprimisse maior liberdade criativa para o animador-operário, foi proposto por este autor, uma dissertação de mestrado no Instituto de Artes e Design da UFJF intitulada Anima Scribens: possibilidade para o desenvolvimento de partituras do movimento animado. De cunho prático, a pesquisa proporcionou a aplicação de mecanismos de análise do movimento criado para dança e teatro e um sistema de partituras de movimento Labanotação no planejamento e criação de conteúdo animado nacional. O resultado da pesquisa é a possibilidade real e inédita de desenvolvimento de um método de comunicação (leitura e escrita) com simbologias iconográficas específicas para a animação cujo termo Animanotação passa a fazer sentido. Pretendo apresentar os estudos para levantar a discussão sobre o desenvolvimento de novas ferramentas e plataformas de trabalho para a animação brasileira. |
|
Bibliografia | CANCLINI, Néstor G. Culturas híbridas – estratégias para entrar e sair da modernidade. São Paulo: Edusp, 2006.
|