ISBN: 978-85-63552-17-4
Título | Porta dos fundos: humor de qualidade no audiovisual brasileiro? |
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Autor | Gabriela Borges |
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Resumo Expandido | A televisão brasileira, desde os seus primórdios, investe na produção de programas humorísticos. Mais recentemente, a internet tem sido também um espaço muito utilizado pelos comediantes que buscam sair da rotina e dos contornos da produção televisiva. Tendo isto em vista, estamos desenvolvendo no Observatório da Qualidade no Audiovisual da UFJF um estudo sobre os gêneros humor-ficção e humor-jornalismo a partir da definição de parâmetros de qualidade para a análise de programas tanto televisivos quanto híbridos, ou seja, aqueles que de certa forma transitam e dialogam a partir da convergência da televisão com a internet. Até o momento, a pesquisa levantou os programas humorísticos no período de 1960 a 2014 nas TVs aberta e fechada e cerca de trinta canais mais visualizados no Youtube.
A partir dos anos 1980, a TV Globo apresentou diversos programas humorísticos que se diferenciaram do panorama audiovisual, tais como TV Pirata (1988), Armação Ilimitada (1985), Casseta & Planeta, Urgente (1992), entre tantos outros. Estes programas foram responsáveis, por um lado, pela renovação do humor que era feito na TV e, por outro lado, pela inovação no uso dos recursos técnico-expressivos da linguagem audiovisual. Nos anos 1990 e 2000 os canais pagos, com destaque para o Multishow, também investiram na produção de programas humorísticos que procuraram mesclar a ficção e o humor, tais como Adorável Psicose (2011), Os Buchas (2009), Olívias na TV (2011) e Vai que Cola (2013), entre outros. No Youtube encontramos canais formados por coletivos tais como o Porta dos Fundos e Galo Frito; e também por humoristas profissionais, como o Filipe Neto e o PC Siqueira, que alimentam a plataforma com sketches e vídeos humorísticos e possuem milhões de visualizações. Com a convergência de mídias e o barateamento da tecnologia, ficou muito fácil produzir vídeos que podem se tornar virais. Alguns humoristas defendem que devido ao modo de produção de vídeos para a internet se diferenciar bastante do modo de produção televisiva, os artistas podem ter mais liberdade criativa. Porém, percebemos que muitas vezes os artistas tornam-se conhecidos na internet e são contratados pelos canais, principalmente por assinatura, e podem até entrar na engrenagem da produção televisiva. Este trabalho discute a relação e o diálogo entre o humor televisivo e aquele produzido nos vídeos da internet a partir de dois pontos centrais: a definição do que entendemos por humor-ficção sistematizando pontos comuns entre os dois meios e a problematização do conceito de qualidade no desenvolvimento deste gênero audiovisual na TV e na internet. A qualidade pode ser entendida a partir de diferentes prismas (Borges, 2014), mas ainda é pouco debatida no que diz respeito aos produtos audiovisuais humorísticos. Neste estudo, indagamos se a representação utilizada para gerar o riso reforça estereótipos e se a experimentação técnico-expressiva muitas vezes não tem a função de mascarar/eludir estes estereótipos. Sendo assim, os modos de representação utilizados pelo humor, incluindo a diversidade em suas diferentes acepções e a experimentação da linguagem audiovisual são os elementos-chave a partir do qual iremos analisar o coletivo Porta dos Fundos, que nasceu na internet em 2012 tem um programa atualmente na Fox Brasil que exibe os vídeos lançados no Youtube. |
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Bibliografia | Bergson. Henri. O riso. Ensaio sobre a significação da comicidade. Trad. Ivone Castilho Benedetti. São Paulo, Martins Fontes, 2004.
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