ISBN: 978-85-63552-17-4
Título | Transformações urbanas no Rio: O olhar de webdocumentários |
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Autor | Tori Holmes |
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Resumo Expandido | O Rio de Janeiro passa por um processo de transformação urbana e maior visibilidade internacional por causa dos Jogos Olímpicos de 2016 e da Copa do Mundo do ano passado. Muitas das políticas públicas mais polêmicas, como as Unidades de Polícia Pacificadora (UPP) e as remoções, atingem as favelas cariocas, que são historicamente territórios de disputas simbólicas e materiais na cidade. Refletindo o aumento no acesso às tecnologias digitais no Brasil nos últimos dez anos, a internet tem se tornado um dos campos principais para críticas ao modelo de desenvolvimento urbano, especialmente em relação a moradia, direitos humanos e mobilidade. Atores sociais e políticos têm se aproveitado das possibilidades circulatórias oferecidas pelas tecnologias digitais, para projetar ideias e propostas.
Este trabalho busca fazer uma discussão interdisciplinar de webdocumentários que abordam as atuais transformações urbanas no Rio e as reações sociais a essas mudanças. Webdocumentários são entendidos aqui como documentários que são exibidos e circulam livremente na internet, porém não exclusivamente. Para Kate Nash (2012), o webdocumentário estende o documentário para o espaço das novas mídias. Trata-se então de uma produção cujos processos e formas foram afetados pelos avanços nas tecnologias digitais. A experiência do público, ou dos usuários, é assim também afetada (Dovey e Rose 2013; Nash 2012). O tipo de webdocumentário ativista a ser considerado no trabalho é muitas vezes no Brasil fruto do campo chamado por George Yúdice (2013) de 'produção audiovisual periférica', composto por uma nova geração de realizadores, incluindo participantes de projetos audiovisuais em favelas e periferias urbanas, coletivos de jovens engajados em ação cultural, e outros tipos de organizações audiovisuais que se diferenciam da lógica convencional de produção. Para Yúdice, a circulação é um aspecto importante desse campo, ocorrendo por meio de canais informais, cineclubes, televisão pública e plataformas digitais, com uma preocupação de incentivar educação e debates críticos. Este campo ganhou notoriedade graças às manifestações populares iniciadas em junho de 2013 e à emergência de projetos coletivos como a Mídia Ninja, que trabalham na interseção da cultura digital e do audiovisual. O financiamento coletivo por meio de plataformas digitais como o Catarse tem também se estabelecido como mais um desdobramento das transformações digitais no campo do audiovisual, viabilizando produções de baixo custo fora do mercado cinematográfico nacional convencional. O trabalho apresentará os resultados de uma pesquisa interdisciplinar em andamento, desenvolvida na área de Estudos Brasileiros. Baseando-se em observações e entrevistas digitais e presenciais e análise de material audiovisual e digital, dará especial ênfase a como plataformas como Facebook e Twitter são usadas para divulgar filmes, arrecadar recursos e compartilhar informações sobre processos de transformação urbana, incentivando a interação e o ativismo coletivo. Discutirá os esforços investidos para alcançar a visibilidade e a circulação de webdocumentários sobre essa temática e as consequências desse tipo de produção para o debate sobre o presente e o futuro da cidade. |
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Bibliografia | Dovey, J. & Rose, M., 2013. “This Great Mapping of Ourselves”: New Documentary Forms Online. In B. Winston, ed. The Documentary Film Book. London: British Film Institute, pp. 366–375.
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