ISBN: 978-85-63552-17-4
Título | CÉSAR DEVE MORRER (2012), HISTÓRICO E PROCESSOS COMUNICACIONAIS |
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Autor | Tânia Cristina Kaminski Alves Assini |
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Resumo Expandido | Este texto reflete sobre o filme como fenômeno de comunicação e como objeto da indústria cultural, parte-se aqui de um olhar para os processos de exibição do filme César deve morrer (2012), vencedor do Urso de Ouro no Festival de Berlim 2012, dirigido por Paolo Taviani e Vittorio Taviani. Para tanto, realizou-se um levantamento entre os principais guias de cultura e lazer, com disponibilização on-line, do país, de fevereiro de 2012 a dezembro de 2014, a fim de verificar as chamadas para o filme César deve morrer e obter uma panorâmica do histórico de exibição do filme no país, articulando este estudo no contexto dos processos comunicacionais.
Marialva Carlos Barbosa (2012, p. 144) reflete que “as práticas e processos comunicacionais são definidos como o lócus privilegiado dos estudos do campo comunicacional” e este é perpassado pelo passado e sua historicidade que de alguma forma se presentifica ou constitui atos de comunicação e sujeitos envolvidos por estes atos na temporalidade do presente. “A mesma lógica processual que governa a reflexão em torno das práticas comunicacionais governa também o olhar histórico” (BARBOSA, 2012, p. 145). A autora observa que os processos comunciacionais realizam importantes transfigurações no cotidiano contemporâneo, tornando-se necessário ter clareza para “perceber as lutas do campo para construir um saber validado e reconhecido e, sobretudo, que responda às demandas decorrentes do fato de vivermos um cotidiano, no qual práticas, processos, tecnologias, visibilidades, imagens e imaginários fazem parte de um mundo comunicacional” (BARBOSA, 2012, p. 150). É neste contexto que se insere o interesse a cerca do histórico de exibição do filme César deve morrer e pela forma com que ele foi apresentado ao público, considerando-se o retorno, sobre o filme, em sites especializados, aberto à interlocução do público, seja ele simplesmente espectador do filme, ou espectador interessado na crítica. André Bazin (1989) ao refletir sobre a evolução da linguagem cinematográfica observa que “[...] Tanto pelo conteúdo plástico da imagem quanto pelos recursos de montagem, o cinema dispõe de todo um arsenal de procedimentos para impor aos expectadores sua interpretação do acontecimento representado” (BAZIN, 1989, p. 68).No recorte realizado para compreender dados sobre o histórico de exibição do filme, observa-se uma diversidade de propósitos, dando mostras do potencial do tema e da estética do filme pautada no híbrido ficção e documentário. Também é importante considerar o grande número de resenhas do filme constatado em diversos sites destinados a matérias de cultura, artes, cinema. O filme César deve morrer divide opiniões que vão desde aqueles que vêem na produção, a retomada e a permanência da tragédia, reconhecendo o vigoroso trabalho dos irmãos Paolo e Vittorio Taviani, àqueles que vêem no filme uma alegoria iluminista primária a chamar a atenção do público para o “politicamente correto”, a ideia do público gentil capaz de dar chance a quem quer se reintegrar. Robert Stam (2003) reflete que “a mudança para o digital possibilita a infinita reprodutibilidade [...]” (STAM, 2003, p. 417). O autor reconhece as “ambiguidades sociais das novas tecnologias”, pois estas ampliam o campo da produção tanto para o cinema quanto para a teoria do cinema. Reconhece os “perigos do ciberautoritarismo”, contudo, enfatiza que não há como ignorar o potencial da mídia digital, naquilo que qualifica como progressista, talvez, quisesse também falar do potencial experimentalista, tal como se observa na contemporaneidade. Uma discussão mais aprofundada dos novos meios deve levar em conta seus usos e potencialidades em tempos e espaços específicos, sugerindo não apenas as suas vantagens, mas suas limitações. |
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Bibliografia | BARBOSA, Marialva. O presente e o passado como processo comunicacional. In: Revista Matrizes, v. 5, nº2, (2012), pp. 145-155. Disponível em www.matrizes.usp.br/index.php/matrizes/article/view/253. Acesso em 10/09/14.
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