ISBN: 978-85-63552-17-4
Título | O plano-sequência seriado: os casos de True Detective e Louie |
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Autor | Marcel Vieira Barreto Silva |
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Resumo Expandido | Na tradição conceitual da teoria do cinema, o plano-sequência se definiu, em seus usos e nas reflexões em torno de sua singularidade, como um sintagma determinante para a mise-en-scène moderna, capaz de inserir os corpos dos personagens no espaço-tempo da encenação de modo a construir uma unidade de sentido organizada, que privilegia a criação de uma cena unitária, composta por tomada longa e contínua que busca abranger, com o máximo de integridade, uma sequência dramática dada. Desde Bazin (1991) e sua leitura dos procedimentos estilísticos de ênfase realista em diretores como Orson Welles e Vittorio De Sica, passando pela importância que Deleuze (2005) dá ao procedimento na constituição da imagem-tempo, até o estudo de autores contemporâneos como Aumont (2006) e Bordwell (2008) em torno da encenação e do estilo, a análise do plano-sequência e de seu lugar em diferentes tradições da história do cinema ajuda, ainda hoje, no entendimento que podemos avançar sobre a linguagem cinematográfica e sua influência em outras matrizes audiovisuais. Nesse sentido, o plano-sequência configura não apenas uma técnica ou uma linguagem, mas um elemento semântico dos filmes a partir do qual os diretores, trabalhando diretamente com a encenação, podem inscrever nas películas marcas autorais que demarcam, em cada caso, diálogos e aproximações a esquemas consolidados em estilos cinematográficos.
No entanto, no caso do estudo da ficção televisiva, o plano-sequência ainda não parece ser questão determinante de uma reflexão estilística, mesmo que, no início, a linguagem da televisão tenha recorrido costumeiramente ao plano longo, tendo em vista a transmissão ao vivo anterior ao video-tape, que só lentamente incorporou a edição simultânea na elaboração de uma decupagem mais elaborada. Neste sentido, tomando como base a importância que o plano-sequência possui para a historia do cinema, e a recorrência deliberada a procedimentos estilísticos de matriz cinematográfica em séries televisivas contemporâneas, buscamos neste trabalho refletir sobre a sua atualização em dois programas produzidos pela TV a cabo norte-americana: o drama True Detective (2014-atual), exibido pela HBO, e a comédia Louie (2010-atual), exibida pelo FX, em que é possível observar tanto um uso dominantemente decorativo (o caso de True Detective) como um uso mais estrutural do estilo, próprio do formato recorrente empregado na serialização (o caso de Louie). |
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Bibliografia | AUMONT, Jacques. O cinema e a encenação. Lisboa: Texto & Grafia, 2006.
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