ISBN: 978-85-63552-17-4
Título | A QUÍMICA DO MAL CONTRA O CÂNCER: MERCHANDISING SOCIAL ESPALHÁVEL |
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Autor | Glauco Madeira de Toledo |
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Coautor | Ana Heloiza Vita Pessotto |
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Resumo Expandido | Texto gerado em co-autoria.
Breaking Bad: A Química do Mal (Breaking Bad, AMC, 2008-2013), recentemente adaptado na Colômbia (Metastasis, SONY, 2013-), levanta um exemplo de uso de um artefato diegético (SMITH, 2009) de cunho próximo do ativismo social através de um recurso perfurável (MITTEL, 2009) e espalhável (JENKINS, 2009; JENKINS, FORD, GREEN, 2014) em sua série (prefere-se aqui o termo espalhabilidade para traduzir spreadability, ao invés de propagabilidade, usado na tradução de Cultura da Conexão, por crermos que expressa melhor o conceito). Artefato diegético é, conforme Smith (2009), todo elemento que possa ser entendido como um objeto presente no universo da narrativa, mas que se apresente também como disponível e funcional no mundo real. Há exemplos nacionais similares relevantes, como o blog Sonhos de Luciana, componente da telenovela Viver a Vida (2009-2010), em que Luciana, cadeirante, decide “contar suas experiências durante a recuperação do acidente, para que outras pessoas pudessem se inspirar naquela demonstração de superação. [...] A interconexão narrativa entre TV e blog produz como efeito a imbricação entre realidade e ficção” (GREGOLIN, 2010). O consultor Jeff Gomez veio à Rede Globo na mesma época, e procurou mostrar que tais possibilidades ampliavam o envolvimento dos fãs com a obra. Isso acontece de forma análoga à do espalhamento discutido em Cultura da Conexão, com envolvimento do público e forma ativa, repassando, compartilhando, criando conteúdos e discutindo-os; e também faz paralelo com a ideia de perfurabilidade apresentada por Mittel (2009) quando diz que a obra é perfurável se apresenta material a ser buscado, prospectado pelo público, e se esse material oferece informações narrativas que agreguem profundidade em troca do esforço de busca do público. Enxerga-se aqui um recurso algo similar ao nosso mais conhecido merchandising social, uma “inserção sistematizada e com fins educativos de questões sociais nas telenovelas e minisséries. Com ele, pode-se interagir com essas produções e seus personagens, que passam a atuar como formadores de opinião e agentes de disseminação das inovações sociais, provendo informações úteis e práticas a milhões de pessoas simultaneamente – de maneira clara, problematizadora e lúdica” (SCHIAVO, 2002). Em Breaking Bad, Walter White, protagonista, tem um câncer inoperável. Seu filho Walter Junior, que tem paralisia cerebral, decide ajudar o pai como pode e cria, em formato bastante amador, uma página na web para declarar seu amor ao pai e pedir doações para que este possa tratar-se do câncer. A página www.savewalterwhite.com foi, de fato, disponibilizada na web e o link para doações direcionava à página de uma instituição de caridade. O link foi posteriormente removido pela AMC, mediante questionamentos e investigações sobre a eficácia e idoneidade da instituição beneficiada. Mas o apelo à doação era grande, a página foi encontrada por perfuradores e posteriormente espalhada por uma grande quantidade de pessoas, espectadores ou não. Algo próximo aos casos nacionais de merchandising social em novelas, mas com a clara proposta de trabalhar-se via espalhabilidade e perfurabilidade, de um ativismo mais ativo, mais voluntário e de nicho, distinguindo-se da proposta mais massiva da novela de TV aberta; e sem a proposta de amplo debate, mas com a efetiva mobilização das pessoas em torno de um tema conduzido de forma emocional e tendo como lastro a narrativa e a identificação do público com o personagem. |
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Bibliografia | JENKINS, H. If It Doesn’t Spread, It’s Dead. In: Confessions of an Aca-Fan. the official weblog of Henry Jenkins. 2009.
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