ISBN: 978-85-63552-17-4
Título | A experiência cineamadora no Foto Cine Clube Bandeirante |
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Autor | Lila Silva Foster |
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Resumo Expandido | O Foto Clube Bandeirante (FCB) foi criado em 1939 por um grupo de aficionados pela fotografia que se reuniam em lojas especializadas em materiais fotográficos no centro de São Paulo. Como os encontros eram cada vez mais constantes, surge a ideia de se criar uma associação para organizar e amadurecer as atividades de amadores interessados em discutir e compreender a prática fotográfica. No primeiro quadro da diretoria, encontramos Benedito Junqueira Duarte, o primeiro vice-presidente do clube, e Thomaz Farkas como um dos primeiros associados, duas figuras importantes no cenário cinematográfico brasileiro.
Durante a sua história, o FCB teve um papel central no desenvolvimento da atividade fotográfica no país, organizando salões, festivais, inspirando a criação de outros clubes e conectando amadores pelo país com a publicação do seu boletim mensal, o Boletim Foto Cine, a partir de 1946. A criação do departamento cinematográfico acontece no mesmo ano e o clube passa a se chamar Foto Cine Clube Bandeirante (FCCB). A criação do departamento visava agregar novos membros interessados em cinematografia e promover concursos de orientação de cinema amador tendo como objetivo “contribuir para elevar o nível então incipiente do nosso cinema amador, criando uma consciência verdadeiramente cinematográfica entre os aficionados da 7a arte” (Boletim Foto Cine, v.10, n.110, 1959). O primeiro Boletim Foto Cine anunciou o novo departamento, a ser presidido pelo holandês Jan Jure Roos, tendo como atividades projeções de filmes amadores vindos de cineclubes internacionais e a publicação de artigos técnicos. Na sua composição social, a grande maioria dos integrantes do FCCB são diletantes que trabalham como profissionais liberais (advogados, médicos, contadores, representantes comerciais) e comerciantes. O perfil do clube é evidentemente conservador, mas é dentro desse ambiente que surge o movimento da Nova Escola Paulista de Fotografia, responsável pela modernização da fotografia brasileira. Trabalhos de fotógrafos-artistas como Thomaz Farkas, Geraldo de Barros, German Lorca e José Yalenti modificariam o cenário brasileiro da fotografia, trazendo novos temas e novas formas de expressão para o cenário artístico. As atividades cinematográficas do Foto Cine Clube Bandeirante sempre tiveram papel secundário diante da prática fotográfica. Nos anos 1950, porém, o departamento de cinema assume uma estrutura mais ativa e organizada. Em junho, o clube é convidado para participar do I Congresso Brasileiro de Clubes de Cinema, no MASP, e tem como representantes Eduardo Salvatore, Antonio Silva Victor e Thomaz Farkas. No mesmo ano acontece o I Festival Internacional de Cinema Amador, aceitando filmes em 8mm, 9.5mm e 16mm. Organizado com a ajuda da American Cine League, Cine Clube Uruguayo, do Fotocine Clube do Chile e da UNICA (Union International du Cinéma d’Amateur), oito países submeteram uma parte dos quinze filmes amadores que foram aceitos. Neste concurso, Thomaz Farkas e Luis Andreatini concorreram com o filme experimental Estudos. Com grande orgulho, o Boletim do FCCB também publica trechos da coluna dedicada ao festival escrita na revista argentina Correo Fotografico Sudamericano, atestando a posição de destaque que o FCCB tinha ocupado na América do Sul e no mundo como representante do cinema amador brasileiro. A atividade amadora do FCCB serviu de inspiração para grupos ao redor do país e as páginas do boletim anunciavam atividades de novos clubes como Foto Cine Clube Campinas, o Foto Cine Clube Recife e o Foto Cine Clube Gaúcho. Tendo como fonte primordial o Boletim Foto Cine, publicado pela primeira vez em 1946, pretendemos delimitar as atividades cineamadoras do clube e a relação de fotógrafos e cineastas importantes como Benedito Junqueira Duarte, Thomaz Farkas, Geraldo de Barros e German Lorca com o cineamadorismo. |
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Bibliografia | COSTA, Helouise; SILVA, Renato Rodrigues. A fotografia moderna no Brasil. Cosac Naify: São Paulo, 2004.
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