ISBN: 978-85-63552-17-4
Título | ENTRE FRONTEIRAS: APROVEITAMENTO DE CONTEÚDO SOCIAL EM “OS MATADORES |
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Autor | RODOLFO NONOSE IKEDA |
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Coautor | Márcia Gomes Marques |
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Resumo Expandido | O último século viveu o avanço dos meios de comunicação de massa, em especial dos veículos audiovisuais como a televisão e o cinema, estimulando pesquisas nas diversas áreas do conhecimento, da Comunicação e Sociologia à Literatura e Psicologia, passando pelos Estudos Culturais. Essas pesquisas buscavam compreender a influência dos meios de comunicação na vida das pessoas e entender a formação e disseminação de sentidos, de identidades, crenças, hábitos e costumes. O fato é que a contemporaneidade está marcada pelo audiovisual que, ao unir imagem e som, consegue difundir ideias e valores em uma escala sem precedentes, possibilitando à grande parte da população mundial acesso rápido e direto a produções que utilizam discursos e recursos tecnológicos das mais variadas formas, realizando-se o intercâmbio entre o tradicional e o moderno, o local e o global.
Estudos mais recentes demonstram que tanto a criação quanto a difusão da produção audiovisual assumem funções sociais e culturais quando possibilitam o aproveitamento de conteúdo social, ou seja, quando permitem aos receptores o acesso a reflexões sobre suas próprias realidades e identidades, a partir dos contextos identitários expostos nas obras. A aproximação entre a produção midiática e a sociedade explicita a condição daquela, na medida em que a mostra como produto social que se origina no terreno fértil das relações humanas, baseada numa gama imensa de informações e conteúdos sociais, ao mesmo tempo em que é uma interpretação/apreensão individual da realidade. Este é o objeto de estudo deste trabalho: o aproveitamento de conteúdo social realizado pelo audiovisual, mais especificamente, pelo longa-metragem brasileiro “Os Matadores” (BRANT, 1997), bem como seus desdobramentos. Desde a década de 1990, considerada a época da “retomada”, o cinema nacional vem se desenvolvendo rapidamente no Brasil, conquistando regularidade de oferta, apelo popular e adesão do público nacional. Um dos primeiros representantes da chamada “retomada”, “Os Matadores” continua atual pelos temas abordados e pelos recursos expressivos utilizados, conectados a uma vanguarda da cinematografia mundial. Importante pontuar que, depois desse filme, vários outros se voltaram de forma semelhante e exitosa para a mesma temática, como “Cidade de Deus” (de Fernando Meirelles, 2002) e “Tropa de Elite” (de José Padilha, 2007), assim como outros produzidos na mesma região, como “Terra Vermelha” (de Marcos Bechi, 2008) e “Cabeça a Prêmio” (de Marco Ricca, 2010). Devido à exposição da vida social e cotidiana em uma região fronteiriça da América Latina, heterogênea social e economicamente e miscigenada étnico e culturalmente, onde, entre outros, assassinos e criminosos atuam em todos os setores sociais, “Os Matadores” realiza uma metáfora de parte da sociedade brasileira, que apesar de conectada e influenciada pelas ações de indivíduos que agem como os personagens ali expostos, ignora-os mesmo quando expostos em uma obra audiovisual. Assim, o título do presente trabalho explica seu objetivo em vários sentidos: ao expor as fronteiras geográficas, sociais, culturais, políticas, legais, públicas e privadas de uma localidade específica do Brasil, o filme “Os Matadores” possibilita a análise das fronteiras que separam ou aproximam os processos de aproveitamento de conteúdo social de seus personagens, emissores e receptores. Em face de tais explanações, este trabalho organiza-se em duas partes, sendo a primeira voltada às questões teóricas de representação social, aproveitamento de conteúdo social e os processos de (re)construção de realidade e de identidades sociais e culturais; e a segunda apresenta a análise da forma e do conteúdo do filme “Os Matadores”. |
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Bibliografia | BERGER, Peter L.; LUCKMAN, Thomas. A Construção Social da Realidade – Tratado de Sociologia do Conhecimento. Tradução Floriano S. Fernandes. Petrópolis, RJ: Vozes, 1996.
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