ISBN: 978-85-63552-17-4
Título | A câmera flutuante e o espetáculo. |
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Autor | Ândrea Cristina Sulzbach |
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Resumo Expandido | O cineasta David Griffith inaugura o cinema clássico e o consolida como espetáculo em 1909 com seu filme A Drunkard´s Reformation. O cinema na forma de espetacularização industrial de massa ocorre após um período de aculturação, a transição acontece nos Estados Unidos de 1906 a 1915. A narrativa clássica, nesse período, inicia o processo de consolidação que se desenvolve dentro de uma estrutura pré-estabelecida, montagem invisível, interpretação realista entre outros fatores que geram uma transparência que incide em evitar que o espectador se aperceba estar diante de um filme. Esse cinema que seria o oposto ao cinema de opacidade, carrega o espectador para dentro da tela. Os filmes Anna Karenina (2012) e Birdman (2014) pertencentes ao cinema hegemônico são produzidos dentro do conceito de espetáculo, característicos da indústria cinematográfica, mas com elementos distintos aos encontrados em produções similares, a possibilidade da presença de uma opacidade nesses dois filmes é analisada aqui, com o intuito de perceber o seu grau, os elementos de encenação que os compõem e se essas produções conseguem vir em forma de estranhamento, segundo a teoria de Bertolt Brecht, com o objetivo de tirar o espectador do seu cotidiano, tornando-o reflexivo. A forma como é trabalhada a encenação define, além da estética do filme, o grau de opacidade ou transparência que o cineasta pretende adotar. Ismail Xavier (2005) comenta que o cinema moderno adota uma câmera que não se quer invisível, pelo contrário, participa abertamente do processo de relações que estruturam o filme. A Nouvelle Vague francesa, principalmente na figura do cineasta Jean-Luc Godard, altera a encenação tradicional cinematográfica, em alguns momentos os atores olham para a objetiva, ou seja, dirigem o olhar diretamente para o espectador. Esses itens, pertencentes originariamente ao teatro épico desenvolvido por Brecht, são aplicados ao movimento cinematográfico Nouvelle Vague. David Bordwell (2004) acredita que a narração clássica não é uniformemente invisível em todo tipo de filme, ou ao longo de todo o filme: as marcas da enunciação são por vezes reveladas, mesmo que em grau bem menor do cinema que se pretende de opacidade.Essa prática é o que se pretende analisar aqui, com o cruzamento de diferentes textos, teatro e cinema, presentes em uma mesma obra. |
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Bibliografia | AUMONT, Jacques; MARIE, Michel. Dicionário teórico e crítico de cinema. Campinas: Papirus, 2006.
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