ISBN: 978-85-63552-17-4
Título | Como você assiste a seriados?: o consumo de espectadores brasileiros |
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Autor | Pedro Peixoto Curi |
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Resumo Expandido | Para mapear e investigar os hábitos de consumo dos espectadores brasileiros de programas de televisão norte-americanos, realizei no intervalo de três anos, dois questionários online. Em cada ocasião, a pesquisa ficou aberta para respostas por seis meses entre os meses de setembro e abril. A intervalo de tempo foi escolhido pelo lançamento da Fall Season norte-americana, época de estreia das principais apostas dos estúdios e início das novas temporadas de séries já consagradas. A Fall Season é o período mais aguardado por fãs de séries de televisão.
Em 2012, alguns dados da primeira pesquisa foram apresentados no Seminário temático de Recepção Cinematográfica e Audiovisual no Encontro Socine daquele ano, mas a entrada de serviços de VoD, como Netflix, no Brasil e outras mudanças nas formas de acessar as séries estadunidenses tornaram necessearia uma atualização do questionário. A pergunta principal, que dava título ao formuleario, era “Como você assiste a seriados norte-americanos?”. Feito a partir da tecnologia do Google, foi divulgado principalmente no Facebook e Twitter, sendo compartilhado por uma série de pessoas, sites com informações sobre seriados, grupos no Facebook e comunidades do Orkut. As mais de mil respostas obtidas com o primeiro questionário e as mais de quatro mil respostas do segundo apontam para uma mudança na forma de assistir à programação vinda dos Estados Unidos e também na relação com a produção nacional. Não era a intenção do questionário investigar quantas pessoas tem por hábito assistir a séries de televisão, discutir se o número de espectadores aumentou ou se hoje em dia as séries são mais populares que no passado, mas compreender como é a relação dos espectadores com essas séries e com o audiovisual televisivo em geral. Em um artigo recente, Marcel Vieira (2013) identifica um crescimento no interesse acadêmico em torno das séries de TV e a existência de uma cultura das séries, um fenômeno atual, caracterizado por uma boa fase desse tipo de produção. A proposta de Vieira parte de “três condições epistemológicas centrais que se consubstanciaram nas duas últimas décadas para promover esse panorama em que as séries ocupam lugar destacado dentro e fora dos modelos tradicionais de televisão”. Seriam essas condições, a forma, caracterizada por uma sofisticação das narrativas; o contexto tecnológico, que possibilitou a circulação de séries em um nível global; e novos modos de consumo, participação do público e crítica textual, sendo essa terceira condição apontada como vértice principal desse esquema conceitual. O autor defende que somadas, essas três condições apontam para um fenômeno caracterizado pelo aumento no alcance das séries, na produção de séries mais sofisticadas e surgimento de meios de comunicação especializados. É inegável o atual crescimento de visibilidade dos seriados em jornais e revistas e como são, hoje, fonte de comentários em redes sociais, assim como a importância da tecnologia e do acesso para que isso acontecesse. A pesar de as séries estadunidenses fazerem parte da vida dos brasileiros há décadas, todos esses fatores apontam para uma mudança na forma de consumir e se relacionar com esses produtos e para existência de uma suposta cultura de séries, mas também evidencia a necessidade de tentar compreender quem é esse público, como a convergência midiática influenciou a produção de séries e como o público brasileiros se relaciona com a televisão. São esses os principais pontos discutidos neste trabalho. |
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Bibliografia | CARLOS, Cássio Starling. Em tempo real: Lost, 24 horas, Sex and the City e o impacto das novas séries de TV. São Paulo: Alameda, 2006.
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