ISBN: 978-85-63552-17-4
Título | Representações do meio ambiente no documentário brasileiro. |
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Autor | JANAINA WELLE |
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Resumo Expandido | O ambiente sempre esteve presente no cinema, seja como espaço narrativo, temática, cenário e, inclusive, como personagem. As questões ambientais e a maneira de encarar a natureza de uma determinada época influenciam a representação cinematográfica que se faz do meio ambiente e das relações entre a sociedade e seu meio. As representações do meio ambiente no documentário nacional tiveram três grandes fases de acordo com Leão (2001): 1. Documentários “naturais” mudos; 2. Documentários de caráter nacionalista-ufanistas; 3. Documentários ambientais.
Segundo o autor no final do século XIX e começo do XX, os filmes valorizavam a paisagem, a natureza, retratando cidades do interior e paisagens bucólicas. O documentário mudo brasileiro fazia uma exaltação do exotismo dos trópicos. Dois grandes nomes da filmografia da época são Luiz Thomaz Reis e Silvino Santos. Thomaz Reis, também conhecido como cineasta de Rondon, foi o militar responsável pelas fotos e filmes da comissão de linhas telegráficas no Mato Grosso. Participou da construção da imagem “oficial” do índio brasileiro como estratégia de ocupação. Silvino Santos começou a produzir filmes sobre a Amazônia a partir de 1910, época em que a região vivia o esplendor financeiro do ciclo da borracha. A partir da década de 1930 os documentários, em sua maioria, apresentavam um caráter nacionalista-ufanista, participando do esforço de integração do governo Vargas na construção do Estado e da identidade nacional. No ano de 1937, é criado o INCE (Instituto Nacional do Cinema Educativo), que produziu mais de 400 títulos ao longo de sua existência até 1966, dentre eles vários documentários sobre o ambiente rural e a natureza brasileira dirigidos por Humberto Mauro. Já nas décadas de 1960 e 1970, as representações do ambiente nos documentários brasileiros mudam de foco, das paisagens exóticas da Amazônia e do Centro-Oeste para a Caatinga do Nordeste e as favelas das grandes cidades, muitas vezes fazendo um paralelo entre esses dois pólos mostrando por exemplo o processo migratório interno. A eclosão do movimento do Cinema Novo com novas opções ideológicas e estilísticas produziu inúmeras obras. Com grande importância no cenário nacional podemos citar também os documentários produzidos pela Caravana Farkas, que visavam mostrar um retrato crítico do modo de vida dos brasileiros. Na década de 1980 a questão ambiental já se mostrava internalizada nas organizações governamentais, nos setores econômicos, nos estudos acadêmicos e na sociedade civil. A problemática ambiental ganhava mais espaço também na mídia não impressa. Um importante marco foi a produção da série “A Década da Destruição”, filmada por Adrian Cowell e Vicente Rios de 1980 a 1990, uma série de 11 documentários sobre a destruição da Amazônia em suas diversas facetas. Notamos uma mudança no tratamento da temática, agora explicitando e questionando diretamente as relações do homem com seu meio. Já na década de 1990, depois da realização da Rio Eco-92, Conferência Mundial da ONU sobre Desenvolvimento Sustentável, houve um boom de produções e da espetacularização da temática ecológica tanto na mídia televisiva, em programas como Globo Ecologia e Globo Repórter, como em produções fílmicas, haja vista os inúmeros festivais de cinema ambiental que se consolidaram no Brasil e no mundo. Os estudos sobre a relação entre cinema e meio ambiente consolidaram-se neste mesmo período, assim como a necessidade do enquadramento dos filmes com temática ambiental na categoria de cinema ambiental. Em realidade, a década de 1990 foi um momento de fortalecimento da reinserção das questões ambientais dentro das ciências sociais como um todo, assim como fortalecimento dos estudos da ecocrítica literária e cinematográfica. Tendo como base o levantamento de Leão (2001), iremos traçar um panorama histórico de como o documentário brasileiro tem apresentado, registrado e representado o meio ambiente e suas relações com a sociedade. |
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Bibliografia | ANDRADE, Thales Haddad Novaes de. Ecológicas manhãs de sábado: o espectáculo da natureza na televisão brasileira. Tese (Doutorado em Filosofia). Universidade Estadual de Campinas, Campinas. 1998.
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