ISBN: 978-85-63552-17-4
Título | Na Mira do Crime – telefilmes como tendência ou mera estratégia? |
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Autor | Luiza Cristina Lusvarghi |
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Resumo Expandido | A Record, numa parceria inédita com a Mundo Fox, lançou no canal FX o telefilme “Na Mira do Crime” (FX, 2014), sucedido pela série “Na Mira do Crime” (FX, 2015), na verdade o mesmo produto em duas versões. A trama gira em torno de um repórter de jornalismo policial que tem um programa de televisão sensacionalista ao estilo “Cidade Alerta”, da própria Record, e “Brasil Urgente”, da Band, e que após ter a própria filha sequestrada, se torna um justiceiro.
Na região latino-americana, a categoria telefilme vem se tornando corriqueira desde a década de 90. Para muitos, não é correto se falar em telefilme porque na verdade, se a narrativa fílmica está presente na obra audiovisual, ainda que ele jamais venha a estrear num circuito oficial de cinema, não deixa de ser filme. A indústria hollywwodiana, entretanto, sempre contribuiu para jogar mais lenha nessa fogueira, uma vez que os filmes americanos costumam trazer nos créditos screenplay e teleplay, fazendo distinção entre a tela do cinema e a da TV, e sobre a origem dessas produções. No entanto, no caso de “Na Mira do Crime”, o conteúdo do telefilme em questão foi apenas uma reedição da minissérie, que seria lançada depois. Desde 2014, a Globo, a maior produtora de conteúdos ficcionais para a televisão do Brasil, vem transformando suas minisséries e novelas em telefilmes para lançamento em feiras internacionais como a Napte, a famosa Associação dos Produtores de Televisão dos Estados Unidos. Foi o caso de “ Amores Roubados” e “O Canto da Sereia”. Já a HBO, após lançar a série “Mandrake” (HBO, 2005), lançou um telefilme, que não era simplesmente uma reedição da série, e foi exibido originalmente em dois episódios em 2012. O mesmo ocorreu com a série Alice (HBO, 2008-2010), transformada em telefilme em 2010, com dois episódios que funcionavam como narrativas autônomas. As séries policiais e de ação, como "Animal" (GNT, 2014), e que vem sendo exibida como telefilme inclusive nas afiliadas do grupo Globo, como a RBS, parecem ser as favoritas para este tipo de estratégia. Nos casos recentes, a autoria foi preservada. Mas é evidente que a estrutura narrativa adotada tem de servir aos dois formatos. Outros produtos da casa passaram pelo processo inverso, caso de “Serra Pelada” e de “Xingu”, filmes que foram ao ar, na tela da Globo, divididos em capítulos, e que vem sendo vendidos como minisséries . No restante da América Latina, essas versões também acontecem, mas não dentro do mesmo projeto, e sim como uma adaptação ou desdobramento, com uma versão distinta do projeto fílmico. Foi assim com Rosario Tijeras, em que o autor do romance homônimo e best seller, Jorge Franco, supervisionou a adaptação do roteiro primeiro para o cinema (Colômbia, 2005) e depois para a série televisiva (RCN, 2010). Robert Rodriguez, o autor da trilogia El Mariachi, desenvolveu seriado homônimo para a Sony, em espanhol, veiculada pelo canal AXN em 2014, e falada em espanhol. No império hollywoodiano, como se sabe, a ascensão televisão ameaça cada vez mais a hegemonia do cinema. A HBO bancou “Behind the Candelabra” (2013), dirigido por Steven Soderbergh, estrelado por dois astros do calibre de Matt Damon e Michael Douglas, drama que foi ignorado pelo Oscar, agraciado com o Emmy, mas que concorreu à Palma de Ouro em Cannes. A categoria telefilme já se encontra presente desde o famoso estudo de Raymond Williams (1997), em que ele vai discutir a questão da grade televisiva como fluxo, tecendo um comparativo entre redes públicas e privadas nos Estados unidos e no Reino Unido. Nos EUA, o primeiro telefilme foi produzido pela NBC: “See How They Run” (1964), de David Lowell Rich. No entanto, na região latino-americana esses processos, bem mais recentes, parecem indicar novos rumos para a circulação da obra audiovisual e mudanças tanto na linguagem da ficção seriada quanto de filmes que passam a ser produzidos de olho em mais de uma tela, em um contexto de convergência. |
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Bibliografia | BRITTOS, Valério Cruz Brittos, Kalikoske, ANDRES (2012). TV volta a apostar em telefilmes nacionais Seção TV e Cinema, Observatório da Imprensa. 24/01/2012, edição 678. Emhttp://www.observatoriodaimprensa.com.br/news/view/_ed678_tv_volta_a_apostar_em_telefilmes_nacionais
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