ISBN: 978-85-63552-17-4
Título | Consumo e recepção de filmes por idosos de Chapecó |
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Autor | Dafne Reis Pedroso da Silva |
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Resumo Expandido | A proposta deste trabalho é apresentar os primeiros resultados de uma pesquisa sobre consumo e recepção de filmes por idosos de Chapecó (SC). Tal investigação tem como objetivo geral compreender os processos de consumo e de recepção de filmes por idosos, considerando-se seus usos e apropriações cotidianas e experiências de espectatorialidade. O receptor/espectador, do modo como concebemos, refere-se a um sujeito produtor de sentidos, situado historicamente e atravessado por dimensões de um contexto, e suas produções de sentidos sobre a mídia são configurados por uma série de instâncias conceitualmente pensadas como mediações (MARTÍN-BARBERO, 2003). O consumo é entendido pela perspectiva de García Canclini (2005), ou seja, não apenas como um ato impensado, mas sim, como uma prática em que se incorpora a complexidade da vida cotidiana e a criatividade do sujeito. As relações que os receptores têm com a mídia ao longo de suas vidas, além de possibilitarem outras experiências de ser no mundo, também configuram percepções e competências. É na expressão dos sentidos que vemos a materialização dos usos cotidianos e das competências adquiridas por conta do processo de midiatização cinematográfica vivido. Nesse sentido, compreender o consumo de filmes por idosos e a forma como essa prática e seus usos colaboram para a construção de uma trajetória de vida ligada à mídia nos parece produtiva, pois são eles que acompanharam o desenvolvimento do cinema durante o século XX no Brasil, e que podem nos falar sobre a experiência cotidiana vivida e suas relações com contextos cinematográficos local e nacional. Sendo assim, a ideia desta pesquisa inspira-se também no trabalho de Bianchi (2010) sobre memória radiofônica, de modo a colaborar para a construção social do conhecimento, e considerando esses sujeitos e suas trajetórias de vida como essenciais para a compreensão dos processos de midiatização cinematográfica. Segundo Wottrich (2011) a expansão dessa população idosa “aos poucos transforma os modos como a velhice é vista, teorizada e representada na sociedade, assim como os modos como o próprio indivíduo idoso concebe sua trajetória e perspectivas de vida” (WOTTRICH, 2011, p. 5). A etapa de pesquisa da pesquisa, ou seja, do mapeamento em bancos e acervos de monografias, dissertações, teses e demais pesquisas sobre as relações entre cinema e velhice, demonstrou-nos que tais temáticas são abordadas, mas, majoritariamente, nas análises fílmicas sobre a representação dos idosos nos filmes. Nesse sentido, nossa pesquisa contribui para o desenvolvimento da área de recepção cinematográfica ao pensar nesse público específico. Do ponto de vista midiático, a investigação poderá compreender a trajetória de desenvolvimento da midiatização cinematográfica no contexto brasileiro, em especial do oeste catarinense. Problematizar a trajetória de consumo de filmes e olhá-la desde o presente pode ser importante no sentido de perceber as mudanças do contexto de exibição de filmes no Brasil. Sujeitos que vivenciaram as décadas de 1930, 1940, 1950, 1960, 1970, provavelmente, experimentaram as práticas frequentes de idas aos cinemas. As transformações ocorridas nas décadas de 1980 e 1990 levaram os públicos para o âmbito doméstico de assistência. Wottrich (2011) afirma que em pesquisas anteriores com idosos percebeu-se o quanto estes são telespectadores ativos. Se assistir à televisão é uma prática cotidiana de lazer, como os filmes inserem-se nesse consumo e como o que é ofertado configura repertório, referências, gostos? Finalmente, a pesquisa prevê uma etapa empírica de modo a mapear e compreender os perfis desses sujeitos e relações com a mídia, em especial, o cinema, em suas vidas. Outra etapa da pesquisa compreenderá a exibição de filmes em espaços coletivos de recepção com o propósito de compreender os sentidos produzidos por esses sujeitos sobre as obras exibidas. |
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Bibliografia | BIANCHI. Graziela. Memória radiofônica: a trajetória da escuta passada e presente de ouvintes idosos. In: FERRARETTO, Luiz Artur; KLÖCKNER, Luciano. E o rádio? Novos horizontes midiáticos. Porto alegre: EDIPUCRS, 2010.
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