ISBN: 978-85-63552-17-4
Título | Cinema brasileiro: Mulheres atletas em cena |
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Autor | Mayara Cristina Mendes Maia |
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Resumo Expandido | O esporte como fator social acompanha em sua história a política de cada época e cada lugar e muitas vezes, se torna cenário para produções fílmicas. As relações adversas do âmbito esportivo ao longo da história atreladas às questões de gênero formam e desformam identidades ao passo das interdições e liberações políticas que ocorrem sobre a participação das mulheres nas atividades esportivas. A ausência ou pouca visibilidade das mulheres de maneira ativa nos diversos esportes é sentida em obras cinematográficas até a chegada do Cinema contemporâneo.
O Cinema contemporâneo vem oportunizando uma visibilidade diferente sobre a participação das mulheres na sociedade. Hoje, filmes internacionais como “Million Dollar Baby” (2004), “She’s the man” (2006) e “Offside” (2006) demonstram alguns modelos de como essas discriminações acontecem e revelam a busca das mulheres por seus direitos no âmbito esportivo e até sua capacidade de representação esportiva. No Brasil, Gubernikoff (2009) relata que os Cinemas tinham a predominância das obras com base em estereótipos como a mulher como inocente, a vamp, a prostituta e a divina, escondendo-se atrás de um romantismo exagerado e sem nenhuma indicação sobre o modo real de sua vida. Gubernikoff (2009) observa que ao longo da história sempre houve uma forte influência do sistema patriarcal e de seus valores. Atualmente, produções relacionadas a novas e diversas visibilidades do papel social da mulher ganham espaço no Cinema independente. O projeto brasileiro “Memórias do esporte olímpico brasileiro” apresenta como finalidade recuperar dados considerados importantes sobre a história geral dos jogos olímpicos para o Brasil (MEMÓRIAS DO ESPORTE OLÍMPICO BRASILEIRO, 2013). De 2011 a 2014, foram produzidos 20 documentários. Entre essas produções, encontram-se três obras que apresentam as atletas mulheres como protagonistas das histórias, a saber: “Aída dos Santos, uma mulher de garra” (2011), do diretor André Pupo, que conta a determinada história da atleta olímpica brasileira Aída do Santos em salto em altura em 1964; “Maria Lenk, a essência do espírito olímpico” (2011), do diretor Iberê Carvalho, que conta através da narração da própria Maria Lenk, primeira atleta brasileira a participar das Olimpíadas, como foi a sua trajetória em 1996 e “Mulheres Olímpicas” (2013), da diretora Laís Bodanzky, que conta através de entrevistas com atletas olímpicas brasileiras de diversas épocas e modalidades, contextos das mulheres brasileiras no esporte olímpico. Ao considerarmos essa oferta maior e diferente de visibilidade para as brasileiras atletas que sugere a necessidade de mudanças significativas no âmbito do cinema brasileiro quanto a processos subjetivos dentro de nossa sociedade, tomamos como interesse investigar como essas obras apresentam por meio de suas protagonistas, o ato constante de ser mulher. E assim, trabalharemos com estudos de Nichols (1988, 2005) sobre documentário, Gumbrecht (2006) sobre análise de produção de sentido no cinema para as construções das fichas de análise. E, principalmente, com os estudos de Simone Beauvoir (1970), sobre o que é ser mulher e obras de Judith Butler (2014) que ultrapassam as noções clássicas do que é a compreensão de gênero. Analisar filmes sobre a representação das mulheres em diversos âmbitos, com o esportivo em especial, se faz necessário porque obras com essa temática fazem parte de um acervo cinematográfico cujas relações e especificidades entre a pesquisa e representação audiovisual ainda não têm sido muito exploradas como campo de estudo e transmitem, se não a realidade das protagonistas, suas buscas por novas realidades para as mulheres tanto no cinema como no esporte. |
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