ISBN: 978-85-63552-17-4
Título | O FESPACO e as questões contemporâneas do cinema africano |
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Autor | Janaína Oliveira |
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Resumo Expandido | Falar da história do cinema em Burkina Faso é falar da história do cinema africano. Em geral, marca-se o desenvolvimento de uma cinematografia propriamente africana a partir do final dos anos 1950. Data desta época também início da articulação de cineastas na realização de festivais que dessem visibilidade às suas produções. É neste contexto que o cinema inicia sua história em Burkina Faso, a terra dos homens íntegros, com o surgimento do Festival Panafricano de Cinema e Televisão de Ouagadougou. Criado em 1969, o FESPACO é fruto deste contexto de ações que visavam afirmar e dinamizar a produção de cinema no continente, sendo hoje o maior festival da África.
Ao longo dos seus 45 anos de existência, o FESPACO instaurou um campo de trocas e debates entre cineastas de diferentes regiões e sua história constitui mesmo um ponto crucial para compreensão do desenvolvimento da produção de filmes em África. Sendo mesmo possível fazer uma leitura das tendências e dilemas que marcam esta produção a partir de sua história, por exemplo, ao realizar uma análise do filmes que ganharam o Étalon de Yannega, prêmio principal da mostra oficial do Festival, ou ainda a partir dos filmes que foram aclamados pelo público. Para os cineastas, ter o filme exibido no Festival é, por si só, um momento especial. Pois mesmo que tenham suas obras reconhecidas no mundo todo, os realizadores compreendem a presença no FESPACO represent uma chancela necessária, uma vitrine para o continente. Assim, por exemplo, declarou Abderrhamane Sissako, diretor do aclamado Timbuktu, diante a ameaça (não consumada) de ter seu filme retirado da programação da edição de 2015 em virtude de possíveis problemas de segurança. Mas isto não é tudo. Além da compreensão acerca do desenvolvimento da produção de cinema, é possível entender em parte os atuais dilemas e desafios postos hoje no horizonte da indústria de filmes africanos através da análise da história recente do Festival que recentemente incluiu o cinema digital no conjunto de suas premiações e reflexões. Tanto que a última edição do Festival em 2015 trouxe essa dimensão no tema: “Cinema Africano: produção e distribuição na era digital”. Neste intuito, a comunicação ora proposta pretende expor um panorama da história do FESPACO, como um ponto de partida para uma reflexão sobre as questões que envolvem o fazer cinema no continente africano nos tempos atuais. Para tanto, além de bibliografia e filmografia relacionada ao tema, farei uso também de análises de entrevistas que realizadas com alguns cineastas e intelectuais africanos durantes duas visitas a Burkina Faso, a primeira em 2014 para participar da III Journées Cinématographiques de la Femme Africaine d’Image, a JFCA, e a segunda em 2015, durante a 24a edição do FESPACO. Foram entrevistados, nomes como Idrissa Ouedraogo, Gaston Kabore, e Cheick Oumar Sissoko (atual diretor geral da FEPACI - Federação Panafricana de Cineastas), Balufu Kanyinda, Mbaye Cham e Aboubacar Sanogo. O objetivo é ampliar a reflexão para além de uma análise histórica, trazendo para o debate algumas considerações de quem participou e participa ativamente deste processo de fazer cinema em África. |
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Bibliografia | BAMBA, Mohamed. MELEIRO, Alessandra (Orgs.). Filmes das África e da diáspora. Objetos de Discursos. Salvador: EdUFBA, 2012.
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