ISBN: 978-85-63552-17-4
Título | A representação da modernidade: história e cinema nos anos 20 |
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Autor | Antônio Reis Júnior |
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Resumo Expandido | A cidade de São Paulo, particularmente na década de 1920, no bojo da chamada Segunda Revolução Industrial, ampliava seu mercado cinematográfico com o aumento da comercialização de filmes, equipamentos e crescimento do circuito exibidor, já contando com a presença de grandes distribuidoras, sobretudo norte-americanas, proprietárias também de salas exibidoras. Realizadores produziam filmes “naturais” e “posados”, oferecendo seus serviços as indústrias paulistas que se apropriavam da técnica cinematográfica para registrar suas atividades, a exemplo do documentário Sociedade Anônima Fábrica Votorantim de 1922, da produtora Independência, ao mostrar o cotidiano dos operários e valorizar a pujança e o progresso promovido pela indústria. Contemporâneo a ele, temos no cenário internacional, a exibição de Berlim, Simphonia da Metrópole, 1927 de Walter Ruttmann e O Homem da Câmera de Dziga Vertov, 1927, filmes que, a despeito de suas diferenças estéticas e de linguagem, guardam semelhanças com São Paulo A Simphonia da Metrópole na representação do espaço urbano. Este último - objeto de estudo desta pesquisa - mostra-se bastante revelador da metropolização e da expansão industrial que alterou a paisagem paulistana na década de 20. A partir deste recorte temporal e espacial, o objetivo deste artigo é analisar, do ponto de vista histórico e cinematográfico, o documentário São Paulo, Simphonia da Metrópole, realizado pelos imigrantes húngaros residentes em São Paulo, Adalberto Kemeny e Rodolfo Rex Lustig, investigando a narrativa documentária elaborada a partir do olhar estrangeiro que busca e destaca os elementos da modernidade presentes nos “frementes anos 20” nas palavras do historiador Nicolau Sevcenko.
Ao tomar como fonte primordial o documentário citado para a história do cinema no período citado, cabe avançar no debate metodológico sobre a incorporação do cinema como fonte da pesquisa histórica, que conta com a contribuição de inúmeros autores a exemplo de Eduardo Morettin e Marcos Napolitano em sua investigação sobre as dimensões históricas do audiovisual; Jean-Claude Bernardet em sua contribuição com a historiografia do cinema e das relações do cinema brasileiro com a História do Brasil; Mônica de Almeida Kornis na discussão metodológica no campo de interface entre a História e o cinema, entre outros. Tal debate nos remete as décadas de 1960 e 1970 quando houve uma grande diversificação das fontes utilizadas na pesquisa histórica e uma revolução documental trazida pela chamada Nova História, movimento de renovação da historiografia francesa que exerceu grande influência na historiografia brasileira e que permitiu a criação de novos métodos, novos objetos e novas abordagens na produção do conhecimento histórico. Desta forma, a investigação procura contribuir na interface entre a História e o Cinema a partir do contato com uma plural produção cinematográfica dos anos de 1920 e num contexto em que o cinema é percebido como elemento da modernidade e de uma nova forma de entretenimento e lazer na metrópole. Assim, a análise de São Paulo, A Simphonia da Metrópole realizada a partir da contribuição metodológica dos autores citados, pode elucidar os múltiplos significados presentes na narrativa documentária, suas ambiguidades e paradoxos, sua importante vinculação com o contexto histórico em que foi produzido e exibido, bem como a imagem da metrópole moderna com seus sinais inequívocos de progresso industrial e científico, aspiração que seus realizadores revelam ao construir sua representação cinematográfica da modernidade. |
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Bibliografia | ARAÚJO, Vicente de Paula. A Bela Época do Cinema Brasileiro, Editora Perspectiva, 1976.
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