ISBN: 978-85-63552-17-4
Título | 70 anos após Aushwitz: Revisitando Noite e Neblina de Alain Resnais. |
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Autor | Paulo Menezes |
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Resumo Expandido | Esta comunicação visa analisar o filme documental seminal de Alain Resnais, Noite e Neblina, sobre o campo de concentração de Aushwitz, na Polônia.
A proposta, portanto, é discutir, as relações entre cinema e produção de conhecimento nas Ciências Sociais, em particular na Sociologia, de modo a destacar os problemas de fundo epistemológicos e os cuidados metodológicos concernentes ao uso do filme como material privilegiado de estudo. Noite e Neblina é dirigido pelo cineasta francês Alain Resnais. Realizado em 1955, com 32 minutos de duração, o filme foi realizado no campo de concentração e extermínio de Aushwitz, na Polônia, na ocasião do décimo aniversário da liberação do campo no final de Segunda Grande Guerra. O filme apresenta uma narrativa inovadora, articulando material fílmico do campo com imagens de arquivo do mesmo campo, realizada durante seu funcionamento. As imagens são acompanhadas de um texto poético do escritor francês Jean Cayrol, que foi membro da resistência francesa deportado para o campo de Mauthausen em 1943, que remete à tortura, à humilhação, ao terror e à exterminação, relacionados à técnica “racional” da máquina de extermínio criada pelos nazistas durante o período. A preocupação é abordar as articulações ocorridas no filme, isto é, seus aspectos formativos, evidenciando os modos pelos quais se estabelecem as relações entre cinema e sociedade, tendo por estímulo um documentário de um dos momentos mais trágicos da história do século XX, por meio de uma análise detalhada de sua narrativa, suas opções, seus silêncios. Certamente cada pesquisador, nas ciências sociais, confere ao mundo um sentido a partir dos recortes que dele faz. Entretanto, ao assim proceder, ele deve estar ciente de que não existe, como apontava Weber, algo valioso e digno “em si mesmo” de ser investigado, o sentido próprio ou único das coisas. Em vista disso, o pesquisador, ante o filme, expõe-se ao risco de sustentar as conexões que estabelece. Conexões estas que são significativas a partir dos recortes operados. A perspectiva é que ao chegar ao final da comunicação os blocos significativos ressaltados pelas seus diversos momentos apontem não apenas pontos comuns com as outras interpretações possíveis, mas, sobretudo, distanciamentos, dissensos e desacordos com elas. Com isso se pretende realizar proposicões de sentido a respeito de uma das mais dolorosas experiências vividas pelo século XX. |
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Bibliografia | Bazin, André. Qu'est-que le cinéma. Paris, éditions du Cerf, 1985.
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