ISBN: 978-85-63552-17-4
Título | O longa metragem brasileiro está perdendo a tela do cinema? |
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Autor | Ana Maria Giannasi |
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Resumo Expandido | Historicamente tanto realizadores como pesquisadores e críticos com militância no cinema nacional apontam a distribuição nos cinemas, controlada pelas “majors”, como um dos maiores problemas do cinema brasileiro.
As diversidades cultural e temática, sempre ressaltadas ao longo dos ciclos que compõem nossa filmografia, evidenciam-se com mais intensidade a partir da década de 1980 por conta principalmente da introdução das tecnologias digitais que possibilitaram um maior acesso aos meios de produção, pela facilidade e pelo barateamento, e podem explicar um volume intenso de produção de filmes de longa-metragem que hoje possuímos. Mas essa produção continua encontrando imensas dificuldades para chegar aos cinemas. Por outro lado e atualmente, a redação do Artigo 3o. da Lei do Audiovisual aproxima as “majors” dos produtores independentes e há investimentos consideráveis na produção de filmes que sanariam esse problema. Mas os poucos filmes nacionais que têm chegado às telas através do Artigo 3o. e de uma bem-sucedida parceria comercial com a Rede Globo de Televisão, já cunhadas de “globochanchadas” (ou neo-chanchadas), em referência ao ciclo das chanchadas da Atlântida cujas comédias de apelo popular, roteiros frouxos e baixo custo se assemelham às comédias atuais, não refletem a quantidade e a diversidade dessa produção. Cineastas mineiros, cearenses, gaúchos, paulistas se destacam em festivais e encontram repercussão na Academia e nos congressos científicos. Desenvolvem em suas regiões pólos de produção e sobrevivem através de premiações e incentivos governamentais. Mas não chegam às salas de exibição. Perdem para aqueles que trabalham nos modelos de dramaturgia e de negócios determinados pela parceria das “majors”e da Globo. A presente comunicação visa, portanto, questionar os motivos pelos quais os espaços de exibição estão fechados aos filmes que fogem desses modelos e visa também levantar outras questões que possam trazer para o debate nossas dificuldades para encontrarmos nossas telas, a saber: narratividade, dramaturgia, investimentos, dependência tecnológica, licenciamentos, comercialização, viabilização e dependência governamental. Por isso, acredito que continuar culpando o monopólio da distribuição parece nos manter em uma superficialidade que não interessa a quem quer refletir sobre um mercado possível e auto-sustentável. Nesse sentido, dou continuidade à pesquisa sobre a produção de filmes de longa metragem que desenvolvo em meu doutorado, onde olhar o passado para compreender o presente e prospectar alternativas para as nossas realizações no futuro, parece ser uma alternativa de reflexão interessante para quem defende a ocupação de nossas salas com nossos filmes. Resgatando Paulo Emílio Salles Gomes, que em seu ensaio “Cinema: Trajetória no subdesenvolvimento” traz uma visão de um cinema organizado em períodos por ser cíclico, onde cada um dos ciclos teve seu começo e seu fim, observo e concordo com alguns estudiosos que o Ciclo da Retomada se encerrou com a fundação da Ancine e que hoje vivenciamos um novo ciclo que parece também já estar em fase de esgotamento e que nos remete a experiências já vivenciadas. O que poderá vir a seguir? Será que estaremos fadados a continuar repetindo a história no aspecto cíclico? A minha proposta é de trazer esta reflexão como tentativa de se pensar na produção de filmes como uma atividade de manifestação cultural, artística e com viabilidade e potencialidade comercial. |
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Bibliografia | ALMEIDA, Paulo Sérgio e BUTCHER, Pedro. Cinema: desenvolvimento e Mercado. Rio de Janeiro: Aeroplano, 2003.
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