ISBN: 978-85-63552-17-4
Título | Microscopias do casamento em John Cassavetes |
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Autor | Maria Leite Chiaretti |
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Resumo Expandido | John Cassavetes começou sua carreira de cineasta quase no mesmo momento em que nascia a Nouvelle Vague na França. Menos prolífico que outros colegas, ele realizou doze longas-metragens que o tornariam um dos cineastas mais importantes e mais originais do cinema americano moderno. Escolhemos abordar quatro filmes realizados consecutivamente: Faces (1968), Husbands (1970), Minnie and Moskowitz (1971) e A Woman Under Influence (1975). Fomos atraídos a pensar estas ficções em conjunto pelo fato de todos elas abordarem frontalmente o universo do casamento.
Este ciclo corresponde a um momento de dupla maturidade de Cassavetes, a de seu trabalho como cineasta, como também de sua experiência de vida conjugal junto a Gena Rowlands sua esposa desde 1954. Esta vivência o permitiu amadurecer sua abordagem cinematográfica do universo do casamento, que aparecia de passagem em seus filmes precedentes, sem ganhar a centralidade que constatamos nestes quatro filmes. Este objeto de atenção lhe permite levar até as últimas consequências um elemento fundamental de seu método de trabalho e de sua poética: a dissolução das fronteiras entre a vida e o cinema. É sabido o gosto do cineasta pelo trabalho em equipe, a sua propensão em transformar seus colaboradores em uma família, a sua tendência de reunir regularmente os mesmos atores e técnicos. Se esta premissa vale para o conjunto dos colaboradores ao longo dos anos, o caso de sua esposa é ainda mais emblemático: Gena Rowlands foi ao mesmo tempo a parceira mais assídua, mais constante e mais próxima. Neste ciclo em torno do casamento, Rowlands interpreta o papel principal em Minnie and Moskowitz e em A Woman Under Influence, divide as atenções com Lynn Carlin em Faces e aparece no prólogo de Husbands, interpretando a esposa do personagem encarnado pelo próprio Cassavetes. A nossa hipótese é que discutir o universo conjugal nestes filmes permite ao cineasta de instaurar um relação intensa entre seu cinema e seu próprio casamento, tratando de um assunto que ele conhece intimamente. Nós examinaremos como o casamento é submetido a cada instante à instabilidade do comportamento dos indivíduos, que o narrador acaba por se contaminar. Abordaremos como estes quatro filmes articulam esta instabilidade a uma dramaturgia e uma mise-en-scène particular. Analisaremos o método de criação empreendido pelo cineasta, como a sua noção de improvisação e a liberdade concedida ao jogo do ator, o movimento dos corpos em contraponto ao enquadramento, os traços da criação teatral e as referências aos gêneros cinematográficos, bem como suas escolhas de mise-en-scène e de montagem. Veremos como em cada filme, a visão em torno do casamento é distinta e como ela se reflete na forma final destas obras marcantes e que ainda são pouco conhecidas ao público brasileiro. |
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Bibliografia | AMIEL, Vincent. Le corps au cinéma: Keaton, Bresson, Cassavetes. Paris: PUF, 1998.
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