ISBN: 978-85-63552-17-4
Título | “Redes de paisagens” como cruzamentos fílmicos e culturais. |
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Autor | Laurette Emilie Pasternak |
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Resumo Expandido | Nos filmes documentários “Um Passaporte Húngaro” (2002), de Sandra Kogut, “Transocéan” (2007), de Adriana Komives, e “Histórias Cruzadas” (2008), de Alice de Andrade, uma pluralidade de espaços-tempo sobrepostos revelam histórias e paisagens fílmicas durante processos de viagens. Por intermédio da experiência do percurso, do deslocamento como forma de escrita fílmica, a geografia intima das realizadoras é traçada pelos trajetos durante o processo de preparação e de filmagem. Pelo movimento de resgate da identidade e da memória, as diretoras reescrevem histórias pessoais, familiares justapondo eventos históricos como a Segunda Guerra Mundial, a Revolução Húngara de 1956 e a recente história do Brasil, em particular o período da ditadura.
Os filmes em análise nesta proposta de comunicação, cada um na sua singularidade, dialogam com as temáticas da busca da identidade, da viagem e do exílio, isso, de maneira mais evidente nos filmes de Adriana Komives e de Sandra Kogut, que apresentam deslocamentos entre o Brasil, Paris e Hungria. O documentário de Alice de Andrade, por um outro olhar, aproxima-se com as outras duas obras no âmbito de temas evocados, mas principalmente por estar enquadrado num aparato de interações transculturais. As paisagens nestas obras pautam-se como eixo determinante da narrativa fílmica. Assim, desta maneira, o termo “redes de paisagens” proposto como questionamento fundamental deste estudo é percebido por diferentes ângulos, pois ele pretende não somente cruzar os lugares de afetos das realizadoras que alternam-se entre Europa e o Brasil, mas estes espaços compõem igualmente um sistema de relações culturais, de temáticas e de produção dos filmes analisados. A ideia desta reflexão de ordem poética é tratar paisagens cinematográficas por um regime de cruzamentos imagéticos, simbólicos tendo como base uma metodologia transversal em pesquisas oriundas do campo dos estudos cinematográficos e da corrente de estudos sobre as paisagens, este trabalho questiona fundamentalmente o dispositivo fílmico utilizado pelas três cineastas, de cruzar lugares de afetos. No que diz respeito aos sistemas de cruzamentos, bem característicos dos filmes aqui estudados, a definição de “paisagens transatlânticas” é retomado do termo “paisagens transculturais” forjado por Denilson Lopes e da noção de geografia cultural de formas fílmicas, amplamente utilizada em estudos de Sylvie Rollet. O « viver de paisagens » tese defendida por François Jullien, os conceitos paisagísticos elaborados por Michel Collot e pela pesquisadora e artista Karina Dias compartilham esta perspectiva de paisagens experimentadas, e conseqüentemente, contribuem à reflexão sobre a problemática destas « redes de paisagens », desenhadas por dispositivos de deslocamentos geográficos que constituem, de certa forma, uma rede de espacialidades, de narrativas, mas igualmente uma rede de relacionamentos e de coproduções das três realizações. |
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Bibliografia | CRETON, Laurent et FEIGELSON, Kristian (éds.). Coll. Théorème 10. Paris: Presses de la Sorbonne Nouvelle, 2007.
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