ISBN: 978-85-63552-17-4
Título | A disputa pela audiência: a competição entre TV aberta e TV paga |
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Autor | Heverton Souza Lima |
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Resumo Expandido | A corrente de Martín-Barbero, com seus estudos filiados à concepção de cultura gramsciana na formulação da Teoria da Recepção, no final da década de 80, considerava a família como unidade básica de audiência da televisão na América Latina. Naquela época, a televisão representava principalmente para os setores populares uma situação primordial de conhecimento. A posição privilegiada da TV na sala de estar, onde filhos, pais e agregados se sentam para conversar, configura sua participação inclusiva no momento de lazer e descontração no ambiente familiar.
Entretanto, as transformações tecnológicas, sociais e econômicas tendem a reconfigurar tanto a estrutura e o espaço familiar quanto a própria predominância da televisão como “situação primordial do conhecimento”. A popularização do computador e da internet a partir da década de 1990 e mais recentemente os smartphones passam a suprir de maneira interativa as demandas de lazer dos membros da família, que antes tinham uma fruição coletiva e agora passam a usufruir desses momentos individualmente no seu notebook ou smarthphone, inclusive os programas televisivos, como séries de TV e outros. A grade de programação dos canais tradicionais da TV por assinatura, com horários fixos, excetuando os canais VOD, tende a estar mais adequada às transformações do tempo e da cotidianidade das novas gerações e da contemporaneidade. Nesse sentido, há uma tendência à transformação da temporalidade social que parece ser mais rápida do que da TV tradicional, seja ela aberta ou por assinatura. A grade de programação dos canais com horários rígidos tende a se tornar obsoleta à medida que uma diversidade de produtos audiovisuais são oferecidos em outras plataformas que fornecem conteúdo sob demanda. A ideia aqui não é trabalhar a televisão como um meio a ser superado, mas sim, cada vez mais instigado a transformações pelas novas mídias. Ao invés de tratarmos os modos de comunicação por uma lógica de rupturas onde as oposições velho/novo ou diretivo/interativo são proeminentes, a proposta é utilizar uma perspectiva que traduza em continuidades, complementações e mestiçagens entre as formas de comunicacionais (Miège, 2009). Nesse sentido, o crescimento da base de assinantes da TV por assinatura, após a aprovação da Lei 12.485, impacta diretamente na recepção das mídias em tempos de convergência digital e de grande oferta de conteúdos em diversas janelas. É necessário investigar a audiência da TV Paga e TV aberta inseridas neste contexto de convergência digital e muitas ofertas. No que se refere-se a disputa entre TV aberta e TV paga, segundo dados do Ibope, no ano de 2014 a Globo registrou a queda de 38% em dez anos, caindo de 21,7 para 13,5 pontos enquanto que a TV por assinatura cresceu 260%, saltando de 2,4 pontos para 8,6 (Jardim, 2015). Essa transformação traz de fato uma consolidação de uma competição entre os meios de comunicação. Dentro de um mesmo grupo econômico há um competição interna pela audiência: Globosat, a maior programadora de TV por assinatura, e a Rede Globo, líder na TV aberta, ambas empresas controladas pelo Grupo Globo. Apesar da perda de 5% da audiência em relação a 2013, o faturamento publicitário da Globo teve um aumento de 8% (GRUPO GLOBO..., 2015) e se mantém líder a 45 anos. Quais articulações estão presentes nesta dinâmica pela disputa da audiência entre TV aberta e TV por assinatura? Quais os produtos que se destacam nos meios? A proposta é mapear esse cenário entre canais pagos e abertos disputando a audiência e o faturamento durante a os três primeiros anos da implementação do marco regulatório, 2012 a 2014. |
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Bibliografia | BARBERO, Jesús Martín. Dos Meios às Mediações: comunicação, cultura e hegemonia. Rio de Janeiro: UFRJ, 2009.
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