ISBN: 978-85-63552-21-1
Título | Matriz Estética: Imagens da Metrópole no Cinema Brasileiro |
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Autor | Maria Helena Braga e Vaz da Costa |
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Resumo Expandido | A investigação identificou em filmes brasileiros contemporâneos uma tendência estética em comum: a forma como eles exploram as relações sociais associadas às novas tecnologias para representar acontecimentos, personagens, lugares, o movimento no espaço urbano, os espaços arquitetônicos da metrópole. Independentemente do gênero no qual o filme se insira, tornou-se essencial, para o trabalho de análise do discurso fílmico, considerar a noção de matriz estética; principalmente no que se refere à construção cinematográfica do espaço arquitetônico/monumental da metrópole moderna e da “postmetropolis”.
Nota-se a crescente fragmentação que caracteriza a narrativa fílmica contemporânea e a sua, as vezes caótica, construção de espaços de desordem, fazendo surgir novos formatos estéticos da representação do espaço, produzindo uma nova estética e uma hibridização dos espaços fílmicos. Novos traços estilísticos se caracterizam então no âmbito cinematográfico em resposta à perda da fronteira entre os processos regulatórios da representação do real e do imaginário, criando uma desestabilidade formal. Nesse sentido, defende-se a noção de uma “matriz estética recorrente”, no contexto da contemporaneidade cinematográfica, que investe um novo “fôlego” à investigação, interpretação e à análise fílmica que se propõe a refletir sobre a relação do cinema com a cidade. O processo de hibridização dos espaços fílmicos passa a caracterizar os traços estilísticos na contemporaneidade – aqueles conceituados como pós-modernos por alguns autores – como: a tendência à citação, à fragmentação, à diluição das formas estilísticas, ao heterogêneo, ao derrubar de fronteiras, à produção de simulacros. Dessa forma, a organização e a construção do espaço respondem a uma “perda da fronteira” (intencional) entre os processos regulatórios (códigos e convenções) da representação do real (e do imaginário), para criar uma desestabilidade formal que se baseia, e é provocada, pela necessidade de expressão e representação não mais definida simplesmente e apenas como fílmica, mas como uma “outra coisa” resultante do processo de hibridização estética. Em paralelo às mudanças técnicas, estéticas e narrativas, no contexto cinematográfico, o espaço urbano também sofre modificações. As metamorfoses ocorridas não apenas na topografia, mas também na “moldura” sócio-cultural do espaço urbano moderno, repercutem objetiva e subjetivamente no cotidiano e no processo de adaptação dos habitantes à vida nestes novos tipos de espaço, na nova ordem da imagem da sua concretude arquitetônica e urbanística, e na propagação/comunicação da sua paisagem fílmica através dos cinemas das mais diversas nacionalidades. Ademais, sabe-se que o desenvolvimento de novas tecnologias na digitalização de imagens nas produções cinematográficas contemporâneas, e os mais diversos efeitos especiais conseguidos, conduzem ao aparecimento de novas dimensões no que concerne à visualização, à percepção e à atuação do/no espaço arquitetônico contemporâneo da/na metrópole. Pressupõe-se aqui que uma recorrência estética, no que tocam as representações da metrópole moderna no cinema contemporâneo, brasileiro inclusive, advém da influência de uma matriz estética/narrativa que se desenvolveu e consolidou no âmbito da cinematografia norte-americana desde os primórdios da consolidação de sua narrativa clássica. Associada à esta, consideramos o entendimento de uma “memória recorrente” que parece estar intimamente relacionada a um acervo estético originado no contexto do cinema americano clássico, isto é, pela narrativa clássica hollywoodiana. Podemos citar como exemplo, a inúmera quantidade de filmes cujo foco é a representação da monumentalidade arquitetônica e urbanística da metrópole moderna, ou nos termos colocados por Edward Soja (2000), da “postmetropolis” e/ou “exopolis”. |
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Bibliografia | BRUNO, G. Atlas of Emotion: journeys in art, architecture and film. New York: Verso, 2002.
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