ISBN: 978-85-63552-21-1
Título | BIOPODER E CINEMA: DEVIR-ANIMAL, BIOPOLÍTICA E ALIANÇA DEMONÍACA |
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Autor | Vladimir Lacerda Santafé |
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Resumo Expandido | Em nosso trabalho, pretendemos delimitar a relação entre a animalidade e a humanidade do homem em relação ao ser vivente seguindo as pegadas de Agamben em “O aberto – O animal e o homem” , revolvendo as características da abertura que concerne àquilo que separa o homem do animal e da pedra , a partir das tensões produzidas pela máquina antropológica, onde a cisão entre o homem e o animal passa por dentro do próprio homem, em que “o aberto não é outra coisa senão uma imobilização do não aberto do animal” , estabelecendo o conflito político decisivo do nosso tempo – a bíos política. Em seguida, no intuito de ampliar e problematizar essa questão, trabalharemos a teoria evolutiva de Bergson em “Evolução Criadora” , onde a “verdadeira natureza da vida” é desvelada para além da inteligência pura representada pela lógica formal que confunde o efeito com a causa, a parte com o todo que o envolve, tal qual um seixo que “deixado na praia desenha a forma da onda que o trouxe” , quem pode, pergunta Bergson, dizer onde começa e onde termina a individualidade, pois “empurramos o vivo para dentro de nossos quadros (mentais), mas todos os quadros estouram... São estreitos demais, sobretudo, rígidos demais para aquilo que gostaríamos de colocar neles” . A vida, no entanto, opera de maneira inusitada, irredutível a si mesma, e o pensamento, por sua vez, ao invés de esquadrinhar seus limites, deve incorporá-la. As teorias evolucionistas tradicionais estão presas ao mecanicismo causal que só consegue tratar dos sólidos, da matéria bruta, dos movimentos engendrados pelo funcionamento orgânico dos corpos e da relação entre eles, uma “representação necessariamente artificial e simbólica” da atividade vital, prescindindo de toda a potência virtual que a envolve. Ao retomar a questão do vivente e suas porções “animais” e “humanas”, nos deparamos com o conceito de devir em Deleuze e Guattari, uma liberação do virtual nas relações contra-natura entre homens e animais, indivíduos, coletivos e potências minoritárias que emanam da mulher, da criança e do imperceptível, aprofundando seus traços intensivos a partir da análise da produção biopolítica dos sujeitos na atualidade, um devir-animal que não se confunde com o homo-sacer – matável e insacrificável - de Agamben, um devir-molecular que se prolifera nas redes de captura do biopoder, mas também as liberta em suas múltiplas conexões, sendo, ele próprio, constituinte de uma biopolítica (pela e para a vida) - a infraestrutura de uma literatura ou política menor: “Uma literatura menor não é a de uma língua menor, mas antes a que uma minoria faz em uma língua maior” . Ao final de nosso trabalho, trataremos da nova ontologia social que surge com o trabalho imaterial no capitalismo pós-fordista, base da produção de subjetividade na contemporaneidade, delineando sua forma multitudinária e as possibilidades de realização de um poder constituinte a partir da análise da potência dos pobres e de seu devir-animal e minoritário em “Pocilga”, de Pier Paolo Pasolini e “O Dragão da Maldade Contra o Santo Guerreiro”, de Glauber Rocha e, para isso, recorreremos às metafísicas canibais de Eduardo Viveiros de Castro , no sentido de contrapor às “filiações celestiais” do aparato estatal e seu sujeito normativo gerido pela administração disciplinar a “aliança demoníaca” do devir. |
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Bibliografia | AGAMBEN, Giorgio. O Aberto – O homem e o animal. Trad. de MENDES, Pedro. In Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2013.
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