ISBN: 978-85-63552-21-1
Título | Representações de violência na minissérie de guerra Band of Brothers |
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Autor | Ketlyn Mara Rosa |
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Resumo Expandido | A minissérie Band of Brothers (2001), produzida por Steven Spielberg e Tom Hanks, oferece um retrato das atrocidades sofridas pelos soldados americanos durante a Segunda Guerra Mundial no campo de batalha através da representação da violência de forma gráfica. A minissérie expõe não apenas os ferimentos, falta de apoio médico, e mutilações dos soldados mas também os efeitos psicológicos de uma guerra que levou pessoas à exaustão mental e emocional. A proposta desta comunicação é de trazer uma discussão sobre a minissérie e suas representações de violência explícita, e como os retratos gráficos de mutilações, machucados e mortes adicionam camadas de significação na narrativa através da exploração dos temas de companheirismo, sacrifício e trauma. Por meio da análise cinematográfica de uma cena específica do episódio sete será possível perceber o desenrolamento dos temas através da transformação do retrato grotesco da violência em um significado mais complexo e simbólico que vai além da estrutura física do corpo.
O alinhamento das sequências violentas no esquema geral da narrativa dos dez episódios de Band of Brothers é um ponto significante que leva ao melhor entendimento do impacto da violência na minissérie. Cada cena violenta é precedida e sucedida por outras cenas que ajudam na ênfase do sentimento de perda e ruptura causado pela guerra. Em Story and Discourse, Seymour Chatman explica a noção da lógica conectiva de eventos em seu entendimento da hierarquia narrativa. Ele introduz os conceitos de "kernels" como os principais eventos da narrativa que avançam a estória ao fazer questionamentos e providenciar respostas, e "satellites" como eventos menores que completam o "kernel" ao preencher os espaços vazios da narrativa em volta dos grandes eventos. Estes conceitos serão de grande utilidade na análise da estrutura de cenas de Band of Brothers e os significados que as diferentes cenas transparecem, pois momentos anteriores aos eventos violentos caracterizam a construção de laços de amizade e companheirismo que irão magnificar o sentimento de perda e destruição. As cenas posteriores ao evento violento também terão sua importância pois a demonstração de desolação e dor será a prova do estrago causado pelas experiências brutais de guerra. Em termos de cinematografia, o impacto da violência nas cenas de Band of Brothers é realizado através do uso de planos de reação que capturam a resposta facial dos soldados. O impacto da imagem gráfica de violência no corpo dos soldados pode ser aumentada através da conexão da circunstância violenta com a reação facial de dor física e emocional do soldado que sofreu o ferimento, ou em alguns casos, a resposta facial dos soldados em sua volta. Hermann Kappelhoff discute a idéia da "reação de choque" ("shell-shocked face") do soldado quando deparado com uma explosão ou situação devastadora que pode vir a significar uma imagem de sacrifício através da agonia do soldado, ou por vezes o retrato do puro sofrimento físico e da aniquilação da vida humana. Os corpos dos soldados sofrem um intenso impacto violento e podem ser categorizados no que Sarah Cole chama de violência do desencantamento e encantamento. A primeira refere-se ao corpo machucado que remete à realidade e pavor da guerra com imagens de mutilações e machucados. No caso de Band of Brothers, as inúmeras cenas em que a fragilidade dos corpos dos soldados é colocada em foco podem ser vistas como uma representação do lado grotesco da guerra, evitando a narrativa de honra e vitória. A noção de encantamento da violência está relacionada com momentos que buscam transformar a violação do corpo em algo positivo e coletivo. São nestes momentos da minissérie que o desenvolvimento de temas como companheirismo e sacrifício acontecem, focando no sentido mais complexo da violência, no poder da colaboração e na fragilidade das emoções humanas. |
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Bibliografia | BAND OF BROTHERS. Produção de Steven Spielberg e Tom Hanks. Estados Unidos: Home Box Office, 2001. 5 DVDs (12h40min).
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