ISBN: 978-85-63552-21-1
Título | A mulher experiente: um amadurecimento do blaxploitation a Jackie Brow |
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Autor | Carolina de Oliveira Silva |
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Resumo Expandido | Este texto é parte dos estudos desenvolvidos para a dissertação de Mestrado em Comunicação que visa apreender e discutir a representação feminina no cinema de Quentin Tarantino a partir dos filmes exploitaiton. Partindo das divisões propostas por Eric Schaeffer (1999) podemos encontrar três fases desse cinema, sendo a última iniciada em 1959 e responsável pelas subdenominações, dentre elas o blaxploitation (temática violenta envolvendo afrodescendentes).
Como opção à representação no cinema americano que reforçava caricaturas depreciativas dos negros, Yvonne D. Sims (2006) explica o surgimento de um cinema alternativo que não anula as particularidades do cinema mainstream, mas que produz o retrato de uma heroína que representava a antítese dos principais papéis que eram disponíveis às mulheres negras antes dos anos 60: a de Mammy e Exotic Other. Baseado no livro “Ponche de Rum” (Rum Punch, 1992) do escritor e roteirista estadunidense Elmore Leonard famoso pelos romances policiais denominados de literatura pulp, o filme “Jackie Brow” (1997) do diretor norte-americano Quentin Tarantino, conhecido principalmente por sua cinefilia. O filme trata da maturação e o resgate do cinema exploitation ou exploração: um filão da cinematografia às margens da grande indústria, caracterizados pelas formas apelativas e transgressores quanto às estruturas sociais, políticas e religiosas e que vão adquirir diversas modulações ao longo do tempo. O estudo pretende estabelecer as relações de amadurecimento das personagens que viveram sua juventude na década de 70 e agora se ocupam de vidas monótonas e conformadas sem o glamour do cinema, e do diretor que desmistifica, em alguns aspectos, parte de seu trabalho anterior,“Cães de Aluguel” (Reservoir Dogs, 1992) e “Pulp Fiction, tempo de violência” (Pulp Fiction, 1994), são filmes centrados no choque das ações violentas, inesperadas e na paródia humorística. Essas mudanças acompanham uma nova estrutura narrativa, observada por Mauro Baptista (2013) que se dá pela dilatação do tempo, as ações banais e os lugares pouco explorados por Hollywood. A construção feminina no blaxploitation lida com mulheres determinadas que lutam para remover as drogas da comunidade afro-americana e com uma segunda função considerada negativa por Bishetta Mishett (2006) pois são frequentemente mostradas nuas ou como objetos sexuais. Essas faces contraditórias e ao mesmo tempo libertadoras dos males que confrontam a família e a comunidade precisavam justificar-se quanto à nudez gratuita e a violência. A mulher atrevida da rua é desenvolvida como estratégia de mercado, já que apesar do caráter popular esses filmes também desejavam obter lucro fácil. Muito da representação da mulher no cinema do blaxploitation pode ser paralelamente discutido a partir das contradições do próprio feminismo, discutidas nas obras de Betty Friedan: “A Mística Feminina” (1963) e “A segunda Etapa” (1981), que entendem o movimento feminista a partir de mudanças que não devem partir apenas das mulheres, mas da sociedade. Elencando também as obras de Camille Paglia (1993) uma polêmica estudiosa do feminismo que defende a cultura popular e anseia por um pensamento que pode já ter sido reflexo do que foram esses filmes: o impasse entre liberal e conservador que devem aliar os princípios progressistas dos anos 60 com as duras lições políticas das décadas posteriores. Quentin Tarantino recupera a construção das personagens ambíguas e reconhece a importância dos filmes de exploitation como documentos de seu tempo (WOODS, 2012). A citação desses filmes permitirá discutir a própria ideia de amadurecimento de estilo, considerado crítico quando propõe um avanço na representação dessas personagens femininas – importantes para a época já que apontavam para uma transgressão sócio-política da mulher – ou simplesmente frutos de uma visão pós-moderna, resultado da instabilidade dos referenciais e de uma desconstrução política. |
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Bibliografia | ALVES, Branca Moreira e PITANGUY, Jacqueline. O que é feminismo. São Paulo: Brasiliense, 2003.
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