ISBN: 978-85-63552-21-1
Título | Cinemas do Recife - morfologia de edifícios e salas de exibição |
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Autor | KATE VIVIANNE ALCANTARA SARAIVA |
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Resumo Expandido | A cidade do Recife já considerada a Hollywood do Brasil, na década de 20 do século XX, segundo Rezende (1992, p. 118). Esta condição iniciou um fenômeno de multiplicação dos espaços para exibição cinematográfica na cidade. Do início do século XX aos dias atuais, estes espaços passaram por transformações que vão desde a inserção em casas de diversões e teatros, às adaptações em sobrados coloniais, à construção do edifício específico para cinema e a inclusão dos cinemas em edifícios com outros usos. Houve um auge desse fenômeno entre as décadas de 20 e 60, um decréscimo do número de cinemas entre 70 e 90 (quase todos os edifícios foram demolidos ou adaptados para usos como igrejas evangélicas, bingos, galpões, supermercados ou bancos), e um renascimento no final da década de 90, com a expansão dos shopping centers e o sistema multiplex. Estes, entretanto, não foram acontecimentos ou tendências apenas locais. Em diversas cidades brasileiras e de países estrangeiros ocorreu movimento semelhante, com a demolição ou adaptação dos cinemas para novos usos, descaracterizando-os parcialmente ou integralmente. São poucos os exemplares de cinemas que foram preservados. Novos edifícios para cinema não foram construídos no meio urbano, a partir da década de 80 do século XX, na cidade do Recife, e o que predomina hoje é o sistema multiplex ou cinemas de shopping. Os únicos exemplares sobreviventes de cinemas de rua são o Cinema São Luiz, um cinema-palácio, que resistiu devido a mobilização da sociedade, da classe artística, e produtores locais, em prol da preservação do cinema, sendo tombado pelo Governo do Estado em 2009, o Cineteatro Apolo que funciona a duras penas e o Cineteatro do Parque, fechado para reforma há 5 anos. Esse decréscimo do número de cinemas nas cidades e as mudanças na concepção projetual das salas levaram ao interesse pela investigação do tipo. Foram analisados cerca de 60 cinemas, seguindo uma ordem cronológica e baseando-se em categorias como implantação, formas de planta, sistemas e materiais construtivos e fachadas. No final, foram identificados grupos ou tipos como: as primeiras adaptações em sobrados; os cinemas-jardim ou cineteatros-jardim; os edifícios-cinema; os cinemas em edifícios de uso misto, comerciais ou institucionais; e os cinemas com salas conjugadas. Nas primeiras adaptações, o formato retangular e alongado da planta indica que não havia boa visibilidade e inteligibilidade sonora, o que pode explicar a divisão das salas em 1a. e 2a. classe, também indicadores da segregação social. As tendências modernistas surgem a partir da década de 30, com a construção dos edifícios específicos para cinema, a introdução do ferro e do concreto nas estruturas, balcões e marquises, a simplificação e geometrização de elementos decorativos, escalonamentos das platibandas, indicando o estilo Art Deco, e o volume da cabine em destaque nas fachadas. Entretanto, é a partir da década de 40 que surgem soluções com maior liberdade plástica e estrutural, grandes vãos sem colunas no meio das salas, sistemas para aeração e condicionamento de ar, plantas assimétricas ou do tipo leque, parabólica ou trapezoidal, decorrentes dos estudos de visibilidade e acústica, além de disposição diferenciada das poltronas, isolamento das salas por meio de paredes duplas, utilização de materiais absorventes e maior valorização dos espaços de chegada e espera. No sistema multiplex, as salas voltam a ter formatos retangulares (desaparecem as formas em leque, parabólica ou trapezoidal), ocupando os espaços com o maior número de salas possível, e a preocupação é mais em enfatizar os filmes por meio de telas largas e boa sonorização, que valorizá-las esteticamente ou arquitetonicamente, seguindo um modelo de padronização. Por fim, a cidade perdeu a condição simbólica dos edifícios de cinema no seu meio urbano; e os cinemas, a forma de edifício, com aspectos plásticos e estéticos diferenciados. |
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Bibliografia | ANELLI, Renato; GUERRA, Abílio. Rino Levi arquitetura e cidade. 1a. edição. São Paulo, 2001.
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