ISBN: 978-85-63552-21-1
Título | Encontros e desencontros entre linguagem e tecnologia na sonorização. |
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Autor | Andreson Silva de Carvalho |
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Resumo Expandido | A tecnologia é, sem dúvida, fundamental para a história do cinema. Sem ela, simplesmente, nada do que estudamos existiria. O cinema surgiu como uma invenção tecnológica, ganhando gradativamente o status de arte. Mas, como em toda arte, a linguagem e seus estilos tem um papel fundamental. Artes não são feitas só com tecnologias. Não basta conhecer detalhadamente como funcionam todos os equipamentos. É preciso saber fazer uso de suas teorias de linguagem de forma criativa, construindo mundos de percepções que conduzam emocionalmente os espectadores.
A simples mudança de sentido de uma imagem a partir da troca de seu plano subsequente, como apresentado na clássica experiência de Kuleschov - onde o mesmo plano do rosto de um ator impassível associados a três imagens distintas modificava por completo a percepção do público com relação a sua expressão, por mais que ela não houvesse sido modificada -, demonstra a eficácia e a importância na hora de se escolher os planos de um filme e a ordem em que eles serão mostrados. Se esta simples alteração na imagem, mesmo com toda a concretude que a ela é designada, é capaz de provocar tamanha transformação, imagina o que a escolha equivocada de um som pode ocasionar. O som pode transformar a percepção do espectador, conferindo mais humor, tensão, dramaticidade ou leveza a uma cena, por sua simples associação à imagem de uma forma criativa e inesperada. Logo após o advento sonoro, teóricos e realizadores russos defenderam o assincronismo sonoro como sendo a utilização sonora de maior impacto criativo. Enquanto isso, algumas produções hollywoodianas respondiam à curiosidade do grande público, apostando no sincronismo labial dos talking pictures. O fato de o som conseguir acompanhar o tempo da imagem não significa que ele deva repetir tudo o que se vê nela. O sincronismo entre som e imagem não deve ser entendido de forma literal. A junção técnica entre a projeção de imagens em movimento e a reprodução sonora deve ser vista muito mais como uma oportunidade de se construir uma sonorização possível de ser repetida com fidelidade, do que a simples oportunidade de se ouvir a voz dos atores acoplada ao seu movimento labial. Ao longo da história do cinema, muitas teorias e técnicas foram estabelecidas, proporcionando a criação das mais variadas estruturas linguísticas. Muitos são os autores que escreveram sobre o assunto: Michel Chion, Rick Altman e Claudia Gorbman são só alguns deles. Alguns técnicos, mesmo quando não possuem muito conhecimento teórico, acabam por estabelecer os rumos da linguagem utilizada no filme. Entretanto, as principais questões apresentadas pelos profissionais de som apontam para falta de uma maior comunicação entre os responsáveis por cada fase do processo, o que pode levar a um uso de linguagem conflitante, tornando-se este um dos pontos nevrálgicos na distinção entre o trabalho tecnicamente correto e as escolhas artísticas. Alguns profissionais creditam os problemas existentes entre técnica e estética à ausência de um workflow que defina cada uma das etapas do processo. Outros apostam na diversidade existente entre as mais variadas formas de realização. Talvez, a solução para essas questões esteja na concretização da função de Diretor de som. Alguém que possa se responsabilizar por uma maior unidade nas escolhas e decisões tecnológicas e artísticas, sem, contudo, impedir a contribuição dos demais profissionais envolvidos. |
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Bibliografia | ALTMAN, R. "Introduction". In Yale French Studies, n° 60: Cinema/Sound. Connecticut: Yale University Press, 1908.
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