ISBN: 978-85-63552-21-1
Título | Cinema noir e neonoir italianos: o hedonismo e a femme fatale |
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Autor | Alexandre Rossato Augusti |
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Resumo Expandido | A proposta desta comunicação é apresentar as investigações que estão sendo realizadas em meu pós-doutorado. A partir dos resultados de minha tese, que investigou o cinema noir e neonoir em seu contexto mais amplo, caracterizado sobretudo pelos filmes americanos pertencentes ao gênero, e de minha experiência no doutorado sanduíche realizado na Itália, oriento-me agora para o estudo específico sobre o cinema noir italiano e suas potencialidades de sequência, através do que pode se compreender como cinema neonoir italiano.
A partir da proposição de análise de filmes representativos do cinema noir e neonoir italianos, avalia-se a presença do hedonismo nesse gênero primordial e em sua sequência. Identifica-se o elemento femme fatale como o principal ponto de apoio para a análise de tais obras. Estabelecido esse recorte, busca-se especificamente: analisar como as abordagens concernentes ao hedonismo e à femme fatale se apresentam em cada época, no contexto de realização italiano; verificar como se caracteriza o cinema italiano noir e neonoir em suas principais particularidades; e apontar os principais contributos do cinema italiano para o gênero noir, tendo em vista também o contexto do neorrealismo italiano e sua influência. Os objetivos do trabalho são investigados através da orientação metodológica da análise fílmica. Para amparar essa metodologia, são utilizados principalmente os autores Jacques Aumont e Michel Marie (2004), e Francis Vanoye e Anne Goliot-Lété (1994). Apesar da necessidade de alguns títulos emblemáticos para o gênero nortearem a análise, exemplificando-se como prováveis os filmes Processo alla città (Luigi Zampa, 1952), Aquele caso maldito (Un maledetto imbroglio - Pietro Germi, 1959), Milano calibro 9 (Fernando Di Leo, 1972), Ligações Perigosas (Romanzo criminale - Michele Placido, 2005) e Vallanzasca: gli angeli del male (Michele Placido, 2010), consideram-se ainda outros filmes importantes para a sistematização do noir e neonoir italianos, mesmo que não façam parte do corpus central da análise, a fim de ampararem os principais a partir das relações de certos aspectos, estruturas, temas e detalhes pertinentes, para que se ofereça um campo de comparação mais amplo. Os filmes citados e muitos outros títulos orientados por pesquisadores italianos estão sendo verificados para que na sequência do estudo se façam as opções mais adequadas para a sistematização final e fechamento da análise. Sobre as opções pelo hedonismo, sustentado pela figura da femme fatale, defende-se que cinema noir traz a mulher como elemento fundamental. Ainda que não lhe seja oferecido o mesmo espaço que é dado ao protagonista, as ações da primeira alteram e direcionam a trama. O cinema italiano dos anos 50 a 70 foi muito ousado, sendo, conforme Frezza (2012), fortemente portador de uma modernidade da linguagem, por isso se apresentam mais cenas de sexo, como em Aquele caso maldito, O batom (Il rossetto – Damiano Damiani, 1960), Milano calibro 9, e La donna della domenica (Luigi Comencini – 1975). Considerando-se, evidentemente, algumas especificidades do cinema noir italiano e sua sequência como neonoir também em relação aos períodos que os destacam, é a figura da femme fatale que sustenta prioritariamente as alusões à beleza e ao sexo, como elementos que reportam ao hedonismo, tão característico desse cinema. A avaliação do cinema noir pela perspectiva do hedonismo provoca a reflexão sobre o noir de um ponto de vista inovador. Tal entendimento parte da constatação de que o gênero vem sendo prioritariamente avaliado destacando-se o crime e a morte, com consequente valorização do suspense e da angústia. Ainda que geralmente se considere a femme fatale como elemento também característico desse gênero cinematográfico na maioria das críticas e análises a seu respeito, a perspectiva hedonista, decorrente principalmente desse elemento, normalmente não é explorada com destaque. |
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Bibliografia | AUMONT, Jacques; MARIE, Michel. A análise do filme. Lisboa: Texto e Grafia, 2004.
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