ISBN: 978-85-63552-21-1
Título | POR UM PUNHADO DE DÓLARES(?): POP E MAINSTREAM NA MÚSICA E NO CINEMA |
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Autor | JOSE CLAUDIO S CASTANHEIRA |
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Resumo Expandido | Tanto na música quanto no cinema, a associação entre o Pop e o Mainstream é quase imediata. É necessário problematizar essa relação e perceber nuanças que não são resumidas tão facilmente a uma separação entre produtos “artísticos” plenos e aqueles destinados a um consumo rápido, menos “nobre”. Este trabalho se propõe a identificar essas dinâmicas complexas tomando como objeto o cinema em sua relação com a música pop.
Em relação à Pop Art devemos atentar para o fato de que artistas como Andy Warhol, Roy Lichtenstein, Tom Wesselmann não tiveram seu trabalho recebido de maneira uniforme por público e crítica. Andreas Huyssen (1987) aponta que na Alemanha, por exemplo, a Pop Art era vista, sobretudo pelos jovens, como crítica a um tipo de sociedade consumista. Para Huyssen, o Pop, de forma mais ampla, dialogava com os desejos políticos da nova esquerda. Mesmo entre os autores da Escola de Frankfurt, críticos da indústria cultural, havia sutilezas na forma de perceber essas novas manifestações. Enquanto para Adorno a arte séria não deveria se preocupar com a reprodução da realidade, contando com mecanismos discursivos próprios e inerentes a ela, para Marcuse a representação dessa realidade teria o poder de subverter a utopia retratada pela arte burguesa: a beleza encontraria uma nova encarnação ao “expressar a realidade e a alegria na realidade” (MARCUSE, 2009, p. 97). Mais do que colocar em xeque as oposições entre alta e baixa culturas, entre obra de arte e produto industrial ou entre popular e refinado, o que tanto o cinema quanto a música pop fizeram foi trabalhar em cima de uma identificação afetiva que, funcionando em nível global, tende a se apropriar dos traços culturais locais em função de um novo território cosmopolita. Essa reterritorialização se alimenta da circulação de referências materiais e culturais que acabam determinando os modos de produção e de recepção. Essa circulação, que até pode ser associada a um modelo mainstream, mas que não precisa ser necessariamente massiva, possui mecanismos próprios de criação de sentimentos de pertença e de exclusão e funciona, igualmente, dentro de uma temporalidade própria. As majors, tanto do cinema quanto da música, aproveitam-se dessa aura de distinção produzida por determinadas obras pop (muitas vezes elevadas a objeto de culto), reunindo sob o seu controle estúdios ou produtoras indie ou selos voltados para mercados de nicho. Ao mesmo tempo, os ditos artistas independentes aproveitam-se da estrutura dos grandes conglomerados para alcançar um público maior (e um melhor retorno financeiro). O fato é que, muitas vezes, o caráter pop de tais produtos pode até ser calculado pela indústria, mas sua efetiva repercussão entre os diferentes tipos de consumidores ainda é imprevisível. O uso da música pop como atrativo principal de produções cinematográficas, especialmente a partir dos anos 1970, deixou bastante evidente essa relação entre as duas indústrias. Os bons retornos de bilheteria sinalizaram com a possibilidade de um filme atrair um público jovem e ávido por novas experiências. A vivência do filme, nos dizeres de David Cook, “não como uma narrativa, mas como um show de rock” (COOK, 2002, p.55), modifica não apenas a maneira como esse público frequenta esses espaços tradicionais – revendo o mesmo filme inúmeras vezes, cantando junto as músicas, comprando a trilha sonora –, mas também estimula a participação mais ativa desses espectadores tanto fora da sala de cinema – no autorreconhecimento como fã e no compartilhamento de experiências comuns –, quanto dentro da própria sala, durante a exibição do filme – como no caso das performances que se tornaram tradicionais nas projeções de Rocky Horror Picture Show (Jim Sharman, 1975), por exemplo. A análise de alguns desses filmes musicais será oportuna, inclusive, para o estudo das estratégias de alimentação recíproca que tanto a indústria do filme quanto a indústria fonográfica estabeleceram a partir desse período. |
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Bibliografia | ADORNO, T. W.; HORKHEIMER, M. A dialética do esclarecimento: fragmentos filosóficos. Rio de Janeiro: Zahar, 1985.
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