ISBN: 978-85-63552-21-1
Título | Cinema e Educação. Experiências sensíveis e territorialidades |
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Autor | Tatiane Mendes Pinto |
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Resumo Expandido | A proposta do presente artigo é pensar as experiências com o cinema, seja dentro ou fora de muros, como forma de habitar a cidade, processo subjetivo e, portanto, ético. Assim, analisa práticas fílmicas em um corpus formado pelo cinema em espaços coletivos cotidianos. Serão utilizados como objeto as vivências no Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (UFRJ) na enfermaria geriátrica , nos coletivos de arte Projetação e CicloCine . O corpus se constitui em sua diversidade (onde se sugere existir sua potência investigativa) no percurso que se trilha na presente fase de pesquisa: expandir a ideia de espaço público para espaço “em comum”, esteja ele internamente localizado, como no caso das sessões de cinema no hospital, ou como imagem que atravessa as ruas e praças da cidade, caso das experiências dos coletivos de arte.
Seja como forma de pensamento ou invenção de espaço-tempo, compreende-se a fruição e prática fílmicas como lugares de encontro, “de comunhão com o mundo”, na ideia de lugar depreendida por Milton Santos (2008, p. 313). Através da linguagem fílmica, gera-se um fluxo de experiências e afetos tornando os espaços comuns, territórios sensíveis da cultura e da comunicação. Dessa forma, entre imaginários e territorialidades (cidades), os lócus de fruição estética e compartilhamento de experiências constituem aquilo que Andréa França (2006) caracteriza como “territórios sensíveis”, isto é: ambientes de compartilhamento simbólico, onde as experiências realizadas são da ordem do imaginário e do afetivo, promovendo vinculações entre os sujeitos. Dessa forma serão investigadas as práticas cinematográficas como lugares simbólicos, na medida em que possam gerar vinculações sociais a partir do sentimento coletivo e da linguagem fílmica como experiência transformadora do social. Em sintonia com estes aspectos, é preciso olhar para a arte sob o aspecto relacional, partilhado. Utiliza-se dos pressupostos de Jacques Rancière (2005) na partilha do sensível e de Nicolas Bourriard, sobre a arte como lugar de produção de sociabilidade e "esfera das relações humanas” (BOURRIARD, 2009, p.19). A linguagem da arte então, "por ser da mesma matéria de que são feitos os contatos sociais, ocupa um lugar singular na produção coletiva ”. Corrobora a percepção de Bourriard, a ideia de partilha do sensível, como “a relação entre um conjunto comum partilhado" (RANCIÈRE, 2005, p.7). A questão central é: Seria o cinema capaz de promover a reflexão e o debate sobre o cotidiano, em medida de sensibilizar (BERGALA, 2008) e emancipar (FRESQUET, 2013)? Como percurso metodológico optou-se pela trajetória cartográfica corroborada pelos pressupostos de Martin-Barbero (2004) sobre a cartografia como mapa construído entre o pesquisador e o pesquisado e que, sugere-se, dialogam com a ideia de territórios sensíveis relacionados ao cinema. Não é por acaso que Andréa França observa ser a territorialidade um recorte simbólico “territórios afetivos, sensíveis, novos mapas de pertencimento” (MARTINS, 2006, p.399). Assim, mapear a potência de sociabilidade e vinculações entre espaços e sujeitos é propor a redefinição de fronteiras simbólicas e fluxos comunicacionais que podem atravessar a cidade, paisagem que se constitui no social. A hipótese que norteia esta pesquisa é as experiências teriam a potência de engendrar vinculações entre os sujeitos participantes, que teriam uma perspectiva a um só tempo estética e ética. A vinculação aqui seria uma condição originária do ser, que é na medida em que partilha um lugar em comum (S0DRÉ, 2010), construído de afetos. Logo, poderiam ser criadas pontes entre os sujeitos e as cidades e produzidas reflexões para além das instituições sociais?São algumas questões que se busca responder. |
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Bibliografia | BERGALA, Alain. A Hipótese-Cinema: pequeno tratado de transmissão do cinema dentro e fora da escola. Rio de Janeiro: Booklink/UFRJ, 2008
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