ISBN: 978-85-63552-21-1
Título | Instabilidade e equilíbrio na Trilogia do Pós-Guerra de Fassbinder |
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Autor | ROBERTO RIBEIRO MIRANDA COTTA |
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Resumo Expandido | O cineasta alemão Rainer Werner Fassbinder consolidou uma obra cinematográfica composta por mais de 40 filmes de longa e curta duração, lançados diretamente nas salas de cinema ou feitos sob encomenda para a televisão, realizados com orçamentos vastos ou reduzidos, além de ter escrito roteiros originais ou adaptados de obras literárias e teatrais, desempenhando diversas funções técnicas em grande parte de seus trabalhos. Apesar desse caráter autoral multifacetado, em apenas 16 anos de carreira construiu uma filmografia sólida e bastante prolífica, repleta de temas, abordagens e variações estilísticas concentrados, sobretudo, nas possibilidades de representação/reencenação da História da Alemanha no século XX, desvendando seus personagens (centrais e marginais), dramas e conflitos que permearam o imaginário do povo alemão durante a intensa gangorra política vivenciada pelo país. A presente proposta tem como fator primordial investigar os paradoxos de estruturação estilística engendrados em três filmes específicos de Fassbinder. Componentes da Trilogia do Pós-Guerra, "O casamento de Maria Braun" (1978), "Lola" (1981) e "O desespero de Veronika Voss" (1982) conseguem sintetizar e canalizar uma centelha de características essenciais que movem a filmografia do cineasta, constituída através da reunião de materialidades díspares, quase sempre fundamentadas no controle rigoroso das composições formais e na concatenação abrupta dos seus métodos de montagem, bem como nos regimes dissonantes de interpretação alinhavados por seus atores e atrizes e na configuração ruidosa agenciada pelas bandas sonoras de suas obras. Ambientados entre os anos 1940 e 1950 no território alemão repartido pelas Zonas de Ocupação ou na Alemanha Ocidental da Era Adenauer, tais filmes impulsionam uma articulação estética, narrativa e dramatúrgica perpassada pela organização estrutural da planificação das cenas e a desordem promovida pela forma como os acontecimentos narrados são evidenciados em gestos, ações, cortes e expressões que convivem em constante fricção. Sendo assim, este estudo focaliza as bases estruturais catapultadas por essas características afiguradas nos filmes, com o intuito de compreender as significações e as potencialidades estilísticas que podem emergir a partir de uma convivência conflituosa entre elas. Para tanto, o referencial teórico é conduzido por conceitos pertencentes à história do cinema e ao cinema moderno, enquanto a metodologia segue uma abordagem qualitativa atravessada por critérios visuais, sonoros, dramáticos e lógico-narrativos da análise fílmica. A questão do estilo e das formas de concepção estrutural promovidas por Fassbinder serão examinadas à luz de estudiosos como Elsaesser (1996), Hayman (1984), Lorenz (2000), Thomsen (1997), Watson (1996) e o próprio Fassbinder (1988) - dissecando seus procedimentos de criação cinematográfica. Por conseguinte, os pressupostos da análise fílmica serão averiguados à guisa dos critérios descritivos e analíticos desenvolvidos por Vanoyé & Golliot-Lété (2004) e Aumont & Marie (2009), trazendo-os para examinar os três filmes que compõem o corpus da pesquisa. |
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Bibliografia | AUMONT, Jacques; MARIE, Michel. A análise do filme. Lisboa, Portugal: Texto & Grafia, 2009. |